Império à Deriva
De Patrick Wilcken
Ao longo da nossa história autónoma e independente de 866 anos, tomando como começo, o tratado de Zamora em 1143, tivemos duas ocasiões principais em que o “Império” andou à deriva: A dinastia filipina entre 1580 e 1640, e a época das invasões francesas prolongada por mais algum tempo, de 1808 a 1821 em que a corte portuguesa esteve no Brasil fugindo assim aos sucessivos ataques napoleónicos.
Foi sobre um desses períodos, que Patrick Wilcken, australiano, escreveu a interessante narrativa “Império à Deriva”. Patrick cresceu em Sidney, fez os seus estudos na Austrália e em Inglaterra onde também trabalhou para a Amnistia Internacional no departamento da África Portuguesa tendo, ao mesmo tempo, estabelecido relações profissionais com a imprensa escrita, designadamente com o “The Guardian”, onde desenvolveu trabalhos sobre o Brasil e, por isso, viajou algumas vezes ao Brasil. Foi nessas estadias, que foi tomando conhecimento da história do País, e ganhou inspiração para escrever o “Império à Deriva”.
Às sete da manhã do dia 29 de Novembro de 1807, no porto de Lisboa com a barra do Tejo à vista, é dada ordem para levantar âncora, e assim, a horas do comandante Francês Junot, entrar em Lisboa, o Príncipe Real D. João e a sua corte, rumavam ao Brasil e a bordo das suas naus levava 10 000 aristocratas, ministros, padres, criados, militares, a carruagem real, um piano e toneladas de livros e documentos. Passados dois difíceis meses de viagem, a corte portuguesa chegava ao Brasil, com falta de banho, esfarrapada e cheia de piolhos.
A cidade do Rio de Janeiro, dum momento para o outro promovida a Capital do Império, depressa se transformou na “Versailles Tropical”. Neste livro passam muitas personagens, com destaque para o Príncipe D. Pedro que viria a dar o “Grito do Ipiranga” e a proclamar a Independência do Brasil, a sua avó D. Maria I, a louca, O Príncipe regente D. João, que depois da morte de D. Maria foi D. João VI, sua mulher, a venenosa Carlota Joaquina e o filho mais novo D. Miguel, que seria o Rei absolutista D. Miguel I, arredado do poder pelos liberais tendo à cabeça o seu irmão D. Pedro IV de Portugal e D. Pedro I do Brasil.
“Império à Deriva”, é de ler e chorar por mais.
Edição da “Civilização Editora”, a segunda, em Novembro de 2005.
SBF
(Gravura: Capa do Livro)