Toda a gente sabe que o actual Presidente da República é um homem de direita, e que, por inerência, muito conservador no que respeita a tudo que tenha a ver com novos costumes e novas filosofias de vida. Foi contrário à despenalização do aborto, nunca concordou com muitas das medidas de apoio e enquadramento social de toxicodependentes, discorda de tudo o que tenha a ver com a aceitação, como iguais, de cidadãos que optem por orientação sexual diferente da convencional e, como não podia deixar de ser, não concorda com a proposta de lei para os casamentos de pessoas do mesmo sexo.
Por muitas outras razões e também por estas, é que eu não votei neste Presidente e nem concordo, na maior parte das vezes, com a forma como exerce a sua função. Encaro a coisa naturalmente, que é, como deve ser.
Acho que o grande problema de José Sócrates, e por arrastamento, de todos nós, foi termos levado com esta crise em cima. O Governo estava a fazer um trabalho, os indicadores até 2007 estavam muito bons e, não fora o que aconteceu depois de Setembro de 2008, e hoje a história era outra.
Embora geralmente concordante com a política do PS no Governo, não posso deixar de lamentar as intervenções dos dois “vice” da bancada parlamentar do PS relativamente ao Presidente da República, e, principalmente, esta última do SSP, acusando o PR de se intrometer na agenda política do PS. Acho de um exagero escandaloso e, tenho a certeza, que a maioria dos portugueses, mesmo os que votaram PS, não se revêem neste tipo de declarações.
Se já estava tudo mal, pior ficou, quando no jantar do PS de ontem, José Sócrates elogiou duma forma muito particular estes dois deputados, ou seja, concorda e apoia estas intervenções a propósito do Presidente da República.
Lamento que assim seja, porque se o PR não pode conduzir a agenda do PS, e entendo que não o fez, o PS também não pode, nem deve dar a entender que pode, colocar fita adesiva na boca do PR. Ele é livre, estamos num País democrático e ele também tem o direito de discordar.
SBF
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