SIMÃO SABROSA E A SELEÇÃO

A renúncia de Simão Sabrosa à participação na Seleção Nacional de Futebol, é o reflexo do ambiente inqualificável que, neste momento, se vive no seio da Seleção.

Para ser sincero, porque não tenho particular simpatia por Simão, não estava à espera que uma atitude digna como esta viesse dele. Os meus parabéns!

Os actuais dirigentes só merecem que atrás do Simão outros atletas tenham coragem e façam o mesmo. Talvez assim fechem a “chafarica” e se demitam todos para que seja possível começar tudo de novo.

SBF
(Foto e link: DN Online)

MULTINACIONAIS

A multinacional “Delphi” (CLICAR) volta a fazer notícia de primeira página. A fábrica da Guarda está a chegar ao fim como já aconteceu com muitas outras. Também esta empresa se deslocalizou para outras paragens, onde vai pagar um terço ou menos dos nossos ordenados e onde beneficiará de muito mais incentivos dos que existem no Ocidente.

Nos últimos 20/25 anos, o aparelho produtivo nacional foi substituído por uma bateria de multinacionais. Foram chegando com grandes promessas de desenvolvimento e garantias de absorção de toda a força de trabalho disponível, nas regiões onde se instalaram. Os municípios entregaram terrenos por “tuta-e-meia” para construírem as unidades de produção e o Governo da República ofereceu incentivos fiscais e outros.

Assim, descaradamente em desvantagem – sem incentivos fiscais e sem terrenos de borla – a nossa agricultura, a nossa pesca, os nossos estaleiros navais, os nossos comboios, os nossos portos e a nossa indústria duma forma geral, desapareceram e acabaram – por abate subsidiado pela UE ou falta de competitividade – substituídos pelas “modernas” multinacionais.

Com a crise universal instalada também em Portugal, e os sucessivos tiros nos pés que Bruxelas foi dando, atirando o ónus da recuperação para cada País individualmente ignorando o princípio da solidariedade entre os estados da UE, rapidamente percebemos que, acima de tudo, temos de contar connosco e com os que nos são próximos, e esses, não são de certeza os da outra Europa que detém hoje o poder.

Silvestre
(Link: DN Online)

ANTÓNIO LOBO ANTUNES

Todos os portugueses da minha geração, estão, de alguma forma – os próprios ou alguém de família – ligados ao período negro da nossa história que foi a Guerra Colonial.

Passados 36 anos sobre o seu final, ainda há quem queira justificá-la (a Guerra Colonial) e reabilitá-la, como palco de heroicidades terrenas protagonizadas pelos melhores representantes da nossa elite castrense.

A Guerra Colonial passou à história e nós, portugueses, civis ou militares, temos de nos conformar com o fato de nem sempre estarmos do lado certo. Todos temos o dever de entender a história.

Soube-se, nos últimos dias, que alguns antigos militares combatentes na Guerra Colonial, descobriram, num livro de António Lobo Antunes publicado em Setembro de 2009, umas frases, sobre a participação do escritor na guerra em Angola, que não lhes agrada. (CLICAR E VER NOTÍCIA)

Ninguém é obrigado a gostar do que este – mesmo sendo, talvez, o nosso maior escritor vivo – escreve mas, daí a exigir-lhe explicações, já é demais!

Silvestre
(Foto e link: DN Online)

SINTRA E OS “NUESTROS HERMANOS”

Assistir, na estação de Sintra, à chegada dum comboio de Lisboa, mais parece vindo de Madrid ou de qualquer outra cidade espanhola, pois são muitos, mas mesmo muitos, os “nuestros hermanos” que visitam Sintra utilizando este meio para aqui chegar.

Embora para grande parte dos sintrenses, os últimos tempos não tenham sido ganhos na implementação duma verdadeira estratégia de desenvolvimento, considerando o que de natural existe e o facto duma grande parte do Concelho de Sintra ser Património Mundial, não deve ser ignorado o interesse e o gosto que é um passeio a Sintra.

Mesmo assim, aconselho que leve no bolso um lenço sem transparência, para vendar os olhos quando passar perto do antigo hospital da Misericórdia de Sintra, da antiga pensão Bristol, de algumas ruínas lá para as bandas do Rio do Porto, etc., etc. São, entre outros, exemplos de ineficiência, desinteresse, incompetência e desleixo do poder instituído.

O que quero destacar é pela positiva. Este ano podemos apreciar mais uma vez, a boa escultura ao ar livre. A Câmara Municipal de Sintra apresenta, em sétima edição, a exposição “Sintra Arte Pública” patente ao longo da Volta do Duche. Os “Princípios Humanos” são a temática, e tem a participação de 16 escultores. Aproveite o passeio, coma uma queijada e um travesseiro e veja a exposição.

Silvestre
(Foto: Fonte Mourisca na Volta do Duche. Site CMS)

O MELHOR DA VIDA!

O rio Tejo, os cacilheiros que o atravessam, ainda uma ou outra falua de vela esticadinha, a doca seca da Lisnave, os passageiros que saem do que atracou no Cais do Sodré deste lado e que correm para os verdes de primeiro andar e para os amarelos, os que saem e entram da estação de comboios, o trânsito que atravessa a praça nos dois sentidos inversos da Ribeira das Naus e da 24 de Julho, a varina e o pregão que, se não vejo, oiço, o rodas-baixas marreco com a sorte-grande na mão, o ardina que não vejo mas adivinho, o roçar dos carris dos amarelos começando a subir a do Alecrim em direção ao Camões, o Bragança do Eça e a das Flores da sua tragédia e do Bulhão Pato, a Inglesa e a Britânica de tabacos e valores selados, a Anglo-Americana o Olímpio e os livros, o bitoque e o bilhar do Califórnia, o digestivo e o pãozinho em sandes de chouriço e o ginger-beer do British-Bar, a bica e os bolos da Caneças e da Zarzuela, o frango-assado do Rio-Grande, as aguardentes e cervejas do Atlântico e as águas-furtadas dos da frente com estendais coloridos que procuram brisa ensolarada e encontros furtivos na confusão dos passantes na Bernardino Costa e na do Arsenal.

É o filme da vida chapado no ecrã que eu vejo daquela janela do terceiro andar.
A fita é longa e passa muito tempo contado em anos.

Agora, os passantes na Bernardino Costa e na do Arsenal são tão poucos, que já nem tem confusão. Os prédios da Praça estão muito vazios, muito degradados e muito pobres. A minha janela do terceiro andar não tem inquilino, o Olímpio dos livros não está, o Bragança está a cair, o Califórnia não existe, o ardina também não e o marreco não se ouve.

O tempo rouba o melhor da vida!

Silvestre
(Foto: Net)

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

Temos obrigação de nos curvar em homenagem aos homens e mulheres que, voluntariamente, se entregam na defesa de vidas e bens alheios.

Aos que morreram; que descansem em Paz!

À boleia das altas temperaturas e ausência de humidade, montam-se os criminosos concidadãos armando a desgraça nacional que são os incêndios florestais.

Principais causas objetivas:
Vegetação farta em virtude de inverno longo e chuvoso;

Deficiente limpeza dos campos e floresta;

Altas temperaturas e tempo seco durante vários dias;

Atividade humana dolosa ou negligente acionando ignição aproveitando as condições ideais para a progressão rápida do fogo.

Aqueles, os veneráveis, ao princípio ignoram porque é azar alheio, depois já convém porque os jornais e as televisões começam a transmitir algumas imagens, e, no fim, quando o País já está bem mergulhado num braseiro humanamente difícil de dominar, aparecem eles e elas invadindo as antenas com as tiradas de grandes soluções para acabar com os fogos em Portugal.

A comunicação social que, para além do rescaldo do freeport, pouco mais tinha para dizer, tem dado toda a cobertura possível e impossível à temática dos fogos. Convidam especialistas e não especialistas, comentadores da treta, destacados membros da oposição e os habituais detratores do atual esquema da “proteção civil”.

Porque o tema me interessa, fiquei curioso com um anunciado debate na RTPN ontem à noite. Fiquei logo desiludido com a moderadora, e depois ainda mais porque verifico que dos convidados não consta ninguém da proteção civil nem ninguém a representar os Bombeiros Voluntários. Ainda pior fiquei com o início da discussão porque, a partir do mote do “eterno” presidente do sindicato dos Bombeiros Profissionais – que nesta altura sempre aparece em grande forma – a conversa, até onde ouvi, fixou-se num ataque “primário” ao voluntariado, culpando a instituição “Bombeiros Voluntários”, da maior parte dos problemas surgidos com a prevenção e combate aos incêndios; Simplesmente chocante!

Quando se ouvem as populações pedir mais meios, e protestarem porque os Bombeiros não vieram logo, bem se sabe ser genuína a revolta e até se compreende algum egoísmo – para muitos, o ideal era terem uma corporação de Bombeiros em cada rua – mas quando os falantes são os que referi antes, então o caso muda de figura.

SBF

(Foto: Jornal I Online)

A FALAR CLARO

O lamaçal em que se encontra a justiça portuguesa, especialmente o Ministério Público, envergonha-nos como País e deprime-nos como Povo.

Estou cansado de ouvir opiniões – depois do histórico “despacho de arquivamento” do processo freeport ter aparecido à luz do dia – que, duma forma geral, coincidem com o Governo ou com a oposição, ignorando sistematicamente o que verdadeiramente interessa ao País. Claro que no meio, para compor o ramalhete, aparecem alguns a dar uma no cravo e outra na ferradura para não se comprometerem com nenhuma das partes.

Objectivamente também já toda a gente percebeu, embora alguns não o confessem, que, de facto, o PGR não tem poder nenhum. O que se diria, por exemplo, se, no meio do processo freeport, o PGR chamasse os magistrados titulares e os questionasse sobre o andamento das diligências? É evidente que, no dia seguinte, a principal notícia de primeira página seria qualquer coisa do género: «PGR pressiona os magistrados do …»; «PGR põe em causa a autonomia dos magistrados do processo…»; «PGR condiciona o trabalho dos magistrados …»; Etc., Etc., com todas as implicações que este tipo de notícias teriam.

Portanto, quando se diz que o MP tem uma estrutura hierarquizada e que, por via disso, o PGR tem todo o poder, é mentira.

Desta tralha toda que me tem passado pela frente nestes dias, incluindo aquela despropositada declaração ao País do PM, destaco, pela positiva, a entrevista que Daniel Proença de Carvalho dá hoje ao DN. Finalmente há alguém com credibilidade a falar claro e que explica duma maneira simples, onde está o problema.

SBF

(Foto e Link: DN Online)

NÃO FOI POR ESQUECIMENTO

  NÃO FOI POR ESQUECIMENTO Não foi por “esquecimento” que ao longo de 49 anos, a Assembleia da República nunca reuniu solenemente para ass...