PRATELEIRA DE LIVROS



A Vida num sopro
De José Rodrigues dos Santos

Uma “viagem” ao tempo da ditadura. Com a genialidade de José Rodrigues dos Santos, o leitor entra na história pela “portada” do amor. Dois jovens naqueles anos 30 do século passado, que se apaixonam e que têm a infelicidade de tropeçar, por duas vezes e em tempos diferentes, no salazarismo e nos salazarentos.

A luta antifascista de valor e intenção universal, com os carrascos da pide sempre na cola, era feita no dia a dia de pequenas coisas, que muitas vezes tinham mais a ver com a vontade de eliminar os valores ultra conservadores da sociedade portuguesa. Em crescendo, e como reacção natural à repressão imposta pelo “aparelho”, a consciência da falta de liberdade ia aumentando.

O quadro da época é completado com o desastre da guerra civil espanhola, e com a intervenção “de fininho” das autoridades portuguesas, sempre com a última palavra do ditador e dos carrascos da pide.

Para mim, até agora, o melhor romance do JRS é “A Filha do Capitão”, mas “A vida num sopro” é um excelente romance que recomendo. Tal como desta vez fez o JRS, acho que este período da vida portuguesa, deve ser abordado, duma forma descomprometida e sem tabus, por outros autores portugueses.

A edição é da “Gradiva” e a primeira de Outubro de 2008.

O José Rodrigues dos Santos nasceu em 1964 em Moçambique e é conhecido do grande público através da sua profissão de jornalista da RTP. É Doutorado em Ciências da Comunicação e professor da Universidade Nova de Lisboa. Este é o seu sexto romance.

SBF
(Gravura: Capa do Livro)

SÃO PEDRO



Entre muitas outras virtudes e obrigações, descritas sem descanso nos Evangelhos da Igreja Católica, São Pedro, possuindo as chaves do Céu, tem a prerrogativa de o abrir ou fechar e, sendo assim, fazer chover ou não. Bom, vamos ver como vai estar esta Segunda – Feira, dia de São Pedro, porque a véspera, não foi muito dada a arraiais, de falta de chuva ninguém se pode queixar.

São Pedro, conforme reza a História e os Evangelhos, foi o primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana e, em Roma, se chamou para a eternidade, a Basílica de São Pedro e a praça de São Pedro.

São Pedro, com justiça, também é um dos nossos Santos Populares e padroeiro da freguesia de S. Pedro de Penaferrim, que é a minha, e na Igreja de São Pedro me baptizaram. Por tão abençoado e importante ser, São Pedro também foi escolhido para missão de alto gabarito, emprestar a sua auréola ao feriado do concelho de Sintra.

As nossas festas maiores, lá têm mexido há duas semanas, estando a chegar ao fim amanhã com a chamada feira anual. Tradição é tradição, e lá fui às sardinhas que boas estavam.

As festas acabam, o mês de Junho dá lugar ao sétimo, e o São Pedro lá continua com o chaveiro bem agarrado entre as mãos.

SBF
(Foto: São Pedro - Wikipédia)

A VERDADE ABSOLUTA!



Todos afirmam ter consigo a verdade, mais do que isso – A verdade absoluta!

As autárquicas e as legislativas já estão marcadas, mesmo que as datas não tenham sido do agrado de todos. Cada um tem a sua verdade e, olhando para o umbigo como é costume, só essa é autêntica.

Os partidos são a base da nossa organização política. Sabemos isso, e mesmo o (Zé), que muitas vezes tem dúvidas, deve esclarecer-se e aceitar que não há sistema melhor. Mesmo assim, dando por bom o sistema, temos a obrigação (O Zé e eu) de o melhorar. Os activos partidários têm de ser educados de forma a saberem escutar o (Zé e eu). Têm de aprender que, mesmo eles que são “iluminados”, e estão predestinados a um dia terem o poder na mão, que as verdades são muitas, e que devem corrigir os manuais de forma que a próxima geração, comece a conseguir ver todas as verdades.

O fanatismo, seja por mero interesse material (individual ou de grupo), ou por convicção ideológica deficiente, é dos piores defeitos das nossas organizações partidárias.

O cheiro a naftalina e os discursos do passado, trazem-nos recordações doutra senhora. (Eu e o Zé), não queremos mais isso.

Tenho esperança que as nossas juventudes partidárias, aproveitem os melhores ventos desta era (em crise), e se empenhem na autêntica defesa do interesse colectivo do nosso País, usando todas as verdades que estiverem ao seu alcance.

SBF
(Foto: Zé Povinho do Rafael Bordalo Pinheiro - Wikipédia)

BATALHA DE S. MAMEDE



Em 24 de Junho de 1128, já lá vão 882 anos, estiveram dos lados opostos da batalha, chamada de S. Mamede (em Guimarães), O Príncipe D. Afonso, futuro Rei D. Afonso Henriques, e sua Mãe D. Teresa e seu Padrasto, conde Galego, Fernão Peres de trava.

D. Afonso Henriques saiu vencedor e, segundo as versões mais antigas, encarcerou a Mãe, D. Teresa, a ferros, num castelo do Minho que alguns diziam ter sido Póvoa do Lanhoso. Existem entretanto outras opiniões mais recentes, que dão conta, da expulsão do Condado portucalense para a Galiza, do Conde Fernão Peres de Trava e de D. Teresa, que recolheria a um convento.

A data da batalha, tudo indica que tenha sido mesmo a 24 de Junho, quanto ao local exacto e à forma como a batalha decorreu, e o que foi feito dos vencidos, aí é que, ao longo do tempo, foram aparecendo várias versões.

O essencial é que, com a vitória em S. Mamede e o consequente reconhecimento de D. Afonso Henriques, por parte dos barões portucalenses, como chefe incontestado do Condado portucalense, ficam criadas as condições para a ascenção à independência e, duma vez por todas, o Condado deixar de fazer parte do reino de Leão e Castela.

O tempo que se seguiu consolidou, primeiro; a libertação da hegemonia Galega, e mais tarde, com mais calma e muita sabedoria de D. Afonso Henriques e seus aliados, a independência total e definitiva em relação a Leão e Castela, e o reconhecimento de D. Afonso Henriques como primeiro Rei de Portugal, na conferência de Zamora no Reino de Leão, a 4 e 5 de Outubro de 1143.

A generalidade dos historiadores considera, que o resultado da batalha de S. Mamede, foi o início do caminho que levaria à autonomia do Condado e posteriori construção do Reino de Portugal.

Este dia 24 de Junho é o feriado Municipal de Guimarães e, especialmente este ano, que se comemora os 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques, os festejos são de arromba.

SBF

(Dicas: Alexandre Herculano – História de Portugal, Diogo Freitas do Amaral – D. Afonso Henriques)

(Fotos: Wikipédia)

MOÇAMBIQUE



A direcção da Costa do Sol e a areia a desaparecer na ondulação. O Grego e os camarões. O areal fica coberto e o sol do Índico ainda. Triunfo se dizia e autódromo se fazia, e agora no bazar do peixe se vende. Ainda com os símios atentos à guloseima, lá pela frente os prédios da Polana e da Julius Nyerere alinhadinhos até à vermelha.

À porta medalhado e o Polana abençoado. A baía lhe deixa a brisa pelas bandas da piscina e dos aposentos do mar. E o chá das cinco com os bolinhos na bandeja cromada e levada com luva branca. Lá em cima, na esquina com a 24 de Julho, o Piri Piri do frango e camarão da esplanada gostosa e passeio movimentado.

De Eduardo Mondlande como grande o nome, só podia ser a avenida. Na escola o Bruno aprendeu a ler, a cantar e a saber quem era “Vô Kaunda” e “Papá Samora”. Muitas faixas de rodagem desde a Julius Nyerere até Alto Maé. São muitos quilómetros. Na esquina noroeste com a Vladimiro Lenine, em oito pisos acima de ascensor sempre em baixo, o Ferraz, a Gilda e a Virgínia, a tomarem conta e que saudades.

Paredes com o Império e o Scala do outro lado o fonte azul parceiro da velha fortaleza e o pão quentinho na de Timor Leste que muitos anos depois havia de festejar a libertação. No quarenta e seis a moçambicana de cargas e o Reynolds e o Rafique e o Amaral e o Jaime e o Eugénio e o P Lobo e a Conceição e outros e mais outros…

Os aromas das especiarias do bazar e o cheiro da madeira do artesanato, e lá debaixo o saco do camarão. Oh Ferraz, o que vai fazer para o almoço? Não tem nada senhor, só camarão. Ok, camarão e batatas? Não tem senhor, só tem farinha milho e frita palito. Ok, é um bom petisco.

25 de Junho de 1975. Passaram 34 anos desde a proclamação da independência de Moçambique. O mundo deu muitas voltas e Moçambique também mudou muito desde essa altura. A minha lembrança mais longínqua, é a que digo em cima, de 1982. A lembrança mais recente é de 2000.

Que a paz esteja sempre convosco. Os Moçambicanos merecem tudo de bom. Um grande abraço Moçambique e especialmente para os meus amigos. Eles sabem quem são.

Silvestre Félix

SBF

25 de Junho de 2009
(Fotos: Wikipédia - Primeira: Vista de Maputo desde aoutra margem da baía - Segunda: Mapa Bandeira de Moçambique)

NUNCA TEM DÚVIDAS…


A propósito da quebra de impostos na coluna da receita durante esta primeira metade do ano, e que responsáveis governamentais já vieram dar explicações, que se aceitam à partida como boas, ou, se não para justificar a totalidade, justifica a maior parte.

Mas, dizia eu, a propósito desta notícia do dia e perante os jornalistas, diz a líder do maior partido da oposição, aquilo que já se vem transformando em cassete oficial; Era previsível. Há muito tempo que eu venho dizendo que …… Esta frase, está a ser dita todos os dias a propósito de tudo; A mulher sabe sempre tudo… A mulher já tinha avisado… A mulher já tinha dito… Também deve ser como o outro; Nunca tem dúvidas, acerta sempre! Mas onde é que ela tem estado estes anos todos? Já não foi Secretária de Estado e Ministra pelo menos duas vezes?

SBF

IRÃO A FERRO E FOGO!



A Sociedade actual do Irão é uma “sopa” em que os principais condimentos são: A religião, com os maioritários e oficiais Islâmicos Xiitas, os Islâmicos Sunitas, as etnias com os Persas, e os Árabes. Para além de todas as influências sociais e culturais deixadas pelos sucessivos ocupantes, os Persas foram conseguindo manter-se como etnia dominante.

Hoje, esta sociedade está completamente dividida na diagonal, ou seja, a divisão atinge todos os condimentos da “sopa”. As manifestações, seguidas da repressão do poder islâmico, já criaram os seus mártires.

Depois da situação criada depois das eleições, dificilmente o Irão voltará à situação de antes das eleições. A revolução foi há 30 anos e uma grande parte da população activa que nasceu depois, não se identifica com as correntes mais conservadoras.

A baralhar ainda mais o problema, o Irão está rodeado de países instáveis; A oriente o Afeganistão e o Paquistão, a ocidente o Iraque.

Os órgãos do poder não cedem, e estão já a tratar da tomada de posse do novo Presidente da Republica Islâmica do Irão.

SBF

PRATELEIRA DE LIVROS


LONGE DE MANAUS
De Francisco José Viegas

Mais uma vez, o detective Jaime Ramos, que acompanha o autor em anteriores policiais, tem em suas mãos a investigação dum homem encontrado morto perto do Porto.

A partir deste acontecimento, o autor leva a investigação a um cruzamento de locais e personagens espalhados pela abrangência da lusofonia, com travessias constantes do atlântico, no fundo, é a triangulação da ligação através da mesma língua, independentemente de ser falada nas ruas de Luanda, de Bissau, do Rio de Janeiro, do Porto ou de Manaus, em pleno coração da Amazónia.

O detective Jaime Ramos, como é costume nas outras obras, é um contador e inventor de histórias que delicia o leitor e, tal como a ele, ajuda no encaminhamento da vida.

O autor consegue dar-nos a imagem; dos locais, das pessoas e dos sentimentos, como nenhuma imagem verdadeira consegue.

Boa leitura!

Francisco José Viegas nasceu em 1962. Longe de Manaus, faz parte da colecção “Finisterra” das Edições ASA e a 1ª edição foi publicada em Abril de 2005.

SBF
(Foto: Capa do Livro)

ROSÁRIO DE MARIA III



Daquela janela do terceiro andar observava os vidros do número sete da “Bensaúde” e, no último piso, as águas furtadas com o acesso ao estendal da roupa que, beijando o sol da manhã pela nascente, incentivava o olhar alegre e penetrante enquadrado num sorriso arrepiante de paixão.

O sol no enfiamento da do alecrim até ao Camões, dava o pretexto para descer até ao “Califórnia” com as lulas recheadas, o bitoque ou o bife à café. Findo o lauto, e o cumprimento de despedida para o António e o Chico das mesas, saindo pelo caminho dos da carris, o “Brithis Bar” e o tubo cromado acompanhando o balcão em cima e em baixo para posar o sapato, o relógio de parede com as horas ao contrário e aquela gravura centenária do veleiro do agente vizinho. O digestivo, e o Vicente, o digestivo e o Oliveira (cliente) porque o Oliveira (barman), por esta altura, já não fazia parte dos vivos. O digestivo e o Caparica, o digestivo e o Manel e o Mendes e o Louro e o Milheiro e o Nunes e…

O “gravateiro” chinês e o cauteleiro com a terminação. Fatos, gravatas e sapatos engraxados. Último quartel do almoço, pela esquina do corpo santo até à Ribeira das Naus e a relva da borda d’água. O Tejo naquele dia corria para a barra e o cacilheiro navegava ao contrário para chegar ao cais do Cais do Sodré.

O Tejo e o mar da palha. A água forma pequenas ondas que vão batendo nas pedras da margem. Falando, olhando, rindo, rosário de Maria, e eu, na direcção contrária à corrente até ao cais das colunas. O olhar da alma e o sorriso e eu e rosário de Maria voltando no enfiamento da do alecrim. Eu menino, ela menina, e os dois alegres e felizes.

Eu estava naquela janela do terceiro andar.

SBF
(Foto: Praça Duque da Terceira em Lisboa - Wikipédia)

O CINZENTO

O cinzento é cinzento, é ausência de cor, é ausência de luz, é ausência de sol, é ausência de tudo, até se diz das pessoas chatas (“aqueles cinzentões”)

Como é possível estar contente com o cinzento? É verdade, estou mesmo!

O dia hoje está cinzento, mas para aliviar o calor dos últimos dias vale tudo, até gostar do cinzento.

Os quase 40 graus são difíceis de aguentar.

Ontem nem sequer aquela brisa marítima que sobe e desce as encostas da serra, e vem até nós a aliviar-nos de tamanha fornalha.

SBF

TONY CARREIRA

É um fenómeno do meio das cantigas no nosso País. Ontem conseguiu arrastar 80.000 pessoas para o ouvirem no Parque da Bela Vista em Lisboa.

Apresenta-se sempre com a mesma simplicidade e simpatia, e diz quem o conhece, no dia – a – dia, que é mesmo assim, autêntico!

Neste momento não há quem se lhe compare na quantidade de concertos, na assistência em cada um e nos CD’s que vende.

Os nossos fazedores de opinião continuam a não lhe dar o destaque que merece.

SBF

INVESTIMENTOS PUBLICOS

Trinta personalidades da nossa praça, juntaram-se para apelar ao governo que não prossiga com as grandes obras, designadamente o aeroporto, o TGV e mais auto – estradas.

Dizem eles: «Parem, estudem e promovam um grande debate nacional»

Mas estudem e debatam o quê? Há coisas mais estudadas e debatidas que o novo aeroporto e o TGV?

A maior parte destes trinta, são ex dum qualquer governo anterior e, pelo menos um, é ex do actual. O que é que esta gente tem andado a fazer e o que fizeram quando estiveram no governo? Muitos estiveram de acordo com estes projectos e alguns até venderam estudos e planeamentos para estes equipamentos, no caso do TGV, até com mais do dobro das linhas do actual.

Ouvi falar, pela primeira vez, na necessidade dum novo aeroporto de Lisboa, quase à quarenta anos. A portela tem sido remendada e acrescentada, mas agora já não dá para esticar mais, e depois? O aeroporto para o ar e o TGV para a terra. Não temos alternativa. É obrigatório que estejamos ligados à alta velocidade da Europa, para os passageiros e para as mercadorias.

Estes trinta estão a embarcar na visão ultra retrógrada da coligação “Belém+Lapa” e, ao mesmo tempo, a pressionar o fragilizado PS.

Não são completamente verdadeiros, os que dizem concordarem com estas obras, só que não agora, por causa da situação económica e do nosso endividamento externo. Então e daqui a três anos já está tudo bem para avançarem? É claro que têm de arranjar melhores desculpas.

SBF

MINHA VILA


A seguir à esquina do “Elite” consegue ver-se o comprimento do vale e o mar das maçãs lá muito ao fundo.

A temperatura está muito alta,

e quando está assim, mantêm-se aquela nublina baixa que não nos deixa ver o azul do mar ligando no fio do horizonte com o outro azul do céu das maçãs.

Nesta encosta raramente o vento sopra, e as ameias sempre atentas e embandeiradas, saudando os mouros imaginados cavalgando pelos penhascos até tocarem a lua que se pôs, como é seu costume, no seu monte predilecto.

No monte irmão, e de pena implantada, o palácio exalta de burburinho e falas de estranjas, ficando-se o sítio da condessa, de modéstia permanente e recuperação prometida. Com a mão na pala, lá se vislumbra o Espichel na ponta dos areais da costa e a Arrábida altaneira.

A cruz alta no monte e a Eufémia santa na orada milenar, em primeiro dia de Maio de visitas de muito tempo contado em anos, até da outra senhora.

E as murtas, muitos degraus em escadaria até à volta do duche e ao parque que já teve nome do “dito” e em boa hora virado “Liberdade”.

Minha Vila, com calor, frio ou assim – assim.

Minha Vila!

SBF
(Foto: Palácio Nacional de Sintra - Wikipédia)

OS SÚBDITOS DE S. MAGESTADE



Parece que os nossos ”apitos”, os nossos “furacões” e outros acabados em …ões, ao pé do que se passa com as listagens de despesas e afins, envolvendo membros do Governo e do Parlamento Britânico, não chega, nem para encher uma mão.

Estão a ser extraídas dezenas de milhares de certidões, respeitantes a despesas efectuadas por ordem de membros eleitos para o parlamento Britânico, e que, alegadamente, se enquadram em simples benefício pessoal ou familiar. É que, comprar umas coisitas e depois apresentar a conta ao Parlamento, parece que era prática corrente e comum para a maioria dos deputados.

Agora, com a crise financeira instalada, e com a exigência de poupança em todas as vertentes, começaram a ser levantadas algumas “tampas”, e claro, a bronca rebentou. Demissões por tudo quanto é deputado e membro do Governo. A situação levou a que o Presidente do Parlamento resignasse ao cargo, o que, na história do parlamentarismo Britânico, já não acontecia há uns 300 anos.

Aqui, neste rectângulo à beira mar plantado, há muito tempo que estas práticas são crime. É verdade que nem sempre condenadas como merecem, mas são crime.

Quem diria? Os “nossos amigos” ingleses, tão cheios de pose, e que fazem sempre questão de dizer que são os melhores, a funcionarem desta maneira com os dinheiros públicos?

SBF
(Foto: Palácio de Westminster em Londres - Wikipédia)

ESTILO DE JORNALISTA

Eu sei que cada jornalista gosta de se afirmar com o seu próprio estilo, aliás, o que acontece na maior parte das profissões.

Porque estou a falar de televisão, também na óptica do espectador, tenho a liberdade de gostar ou não, do estilo deste ou daquele jornalista.

Nas nossas três principais estações de televisão, haverá vários jornalistas de qualidade superior e eu, não posso ter a pretensão, de os referenciar todos. Serei injusto para os outros mas, aprecio especialmente três; O José Alberto Carvalho e a Judite de Sousa da RTP e a Ana Lourenço da SIC. Mesmo estes, cada um tem o seu estilo.

Vem este escrito a propósito, da tranquilidade, da serenidade, da educação, do profissionalismo, que a Ana Lourenço demonstrou ontem na entrevista ao Primeiro - Ministro. A jornalista, dirigiu a entrevista como é seu hábito. Deixou o entrevistado responder às suas perguntas, completar o raciocínio, enfim, o telespectador percebe do que se fala e, em última análise, é isso que se pretende. Espero que muitos colegas da Ana Lourenço tenham conseguido aprender alguma coisa, durante a entrevista de ontem.

Quando o protagonista foi, como é natural, o Engº Sócrates, e todas as horas seguintes, na informação portuguesa, foram gastas a analisar vezes sem conta, todas as palavras que o Primeiro – ministro disse, é mais que justo referir a prestação desta profissional que, quando posso, vejo na SIC Notícias depois das 10 da noite.

SBF

SAUDADES


É com muita satisfação que registo, nesta 5ª Feira, uma visita a este blogue proveniente de Luanda – Angola.

Um grande abraço colectivo para todos os angolanos e portugueses, que vivem nessa magnifica terra.

SBF – Silvestre

18 de Junho de 2009

AUTOEUROPA

Melhor do que ninguém, os trabalhadores da Autoeuropa saberão o que é melhor para eles. Quem está cá fora, pode não estar a ver bem a coisa.

Em qualquer dos casos, sabendo-se a posição da Comissão de Trabalhadores, sempre sensata, e que neste caso não coincide com o resultado do referendo, parece não ser este um bom caminho para salvar os empregos e, em última análise, a própria empresa.

Nos próximos encontros entre a Administração e a Comissão de Trabalhadores, todos esperamos que se consiga inverter a actual situação.

SBF

ELES FALAM E A CRISE NÃO PASSA...



Hoje, com o debate na Assembleia da República, a propósito daquela “figura” de moção de censura, apresentada pelo CDS, e depois, mais à noite, a entrevista de Sócrates na SIC e todas as dicas, comentários e opiniões dos sabichões do costume, encheram o dia de tiradas políticas demagógicas e desgarradas da realidade do País.

Os do Governo e do PS, a tentarem justificar tudo o que fizeram nestes quatro anos. Vá lá, de há uma semana para cá, começaram a ter essa preocupação – justificarem-se! Vamos ver se não é tarde de mais. “O povo (ZÉ) é sereno” mas não dorme em serviço.

Os da oposição de direita, a darem o dito (PSD e CDS quando eram governo) por não dito, e com o peito cheio de ar, porque tiveram nas europeias 31% e 8%, tentando tirar todo o proveito da fragilidade em que o PS ficou. Desta banda das bancadas, demagogia, hipocrisia e outros adjectivos acabados em …sia, houve com fartura.

Os da oposição da esquerda já nos habituaram ao (tudo é fácil do BE), estando sempre o líder pronto para resolver todos os problemas laborais que por aí existem, e, ao mesmo tempo, rezando para não chegar ao Governo. Se não, como iam fazer? Tinham que também dar o dito por não dito. O PCP e os parceiros da CDU, com algumas cassetes gastas que mal se ouvem, mesmo assim, usam a demagogia duma maneira mais credível, mais suave. Ou seja, se não estamos atentos, acabamos por ir na onda deles e, diga-se, em muitas áreas da vida nacional, precisam de se reciclar.

Pois é, desde a última campanha que não nos enchiam a paciência.

SBF

TGV E AEROPORTO DE LISBOA



Estamos condenados a marcar passo. Estas duas obras já deviam estar a andar a sério.

Condeno aqui o Governo PS, por não ter tido arranjado maneira, principalmente no que respeita ao TGV, de não ter as obras já no terreno.

É claro que agora, ainda por cima com o resultado do PS nas europeias, a questão do TGV, virou matéria eleitoral e não vai poder avançar porque o Governo, muito embora tenha toda a legitimidade, está fragilizado para tomar uma decisão contrária à opinião de toda a oposição e também do Presidente da República.

Tudo joga na hipocrisia. A construção do TGV começou por estar na agenda do Governo PSD de Durão Barroso, logo, não se trata duma questão partidária como se quer fazer querer agora. Aliás, nessa altura, estava-mos mais ou menos a par dos Espanhóis e Franceses que, entretanto, como medida para contrariar a crise, até estão a acelerar os trabalhos nas respectivas linhas férreas e no material circulante.

O que o PSD quer, é que não seja o PS a avançar com esta ligação à Europa, tornando assim, o nosso País, menos periférico. Cabe na cabeça de alguém, que o futuro comboio vindo da Europa, chegue só à fronteira? Como é que se pode embarcar nisto?

Estas duas obras, assim como os novos hospitais e a actualização da rede escolar, deviam ser, decisões de regime e de Estado, e não ficarem reduzidas a meras lutas partidárias.

SBF
(Foto:Wikipédia)

OBRAS NO TERREIRO DO PAÇO EM LISBOA



Na sequência da providência cautelar apresentada pelo ACP, o Tribunal Administrativo de Lisboa, mandou parar as obras da Câmara Municipal de Lisboa no Terreiro do Paço.

A este propósito, fiz o seguinte comentário no seguimento da notícia publicada no SAPO.

“Mas que é isto? Agora, qualquer coisa com que não se concorde, toma lá uma providência cautelar! Não vai haver eleições daqui a 3 ou 4 meses? Até lá, deixem-nos trabalhar legitimados com o voto que receberam. Agora, este mesmo tribunal, quanto tempo vai demorar para resolver o problema?
É certo e sabido que vamos ter mais um estaleiro parado por muito tempo.”

SBF
(Foto: Notícia Sapo)

PRATELEIRA DE LIVROS



PRISIONEIRA DE TEERÃO
De Marina Nemat

Muito a propósito das recentes eleições presidenciais do Irão e dos acontecimentos que se seguiram.

Este livro, que li há uns dois anos, e como se diz na contra – capa, “lê-se como um romance, mas a vida de Marina Nemat, não parece nada um romance.”

A vida desta jovem, a partir de certo dia de 1982, tornou-se um inferno e transmite bem o que ainda é, este regime. Em nome do Islão, os homens do poder praticam todo o tipo de maldades duma forma completamente discricionária.

Conhecendo a vida da Marina, percebemos melhor porque é que hoje estão muitos milhares de Iranianos na rua, protestando contra o regime de “Ahmadinejad”.

“Marina, que pertencia a uma família católica, tinha apenas dezasseis anos quando foi arrancada à família, presa, torturada e condenada à morte por traição. Tinha criticado o governo no jornal escolar”

Marina Nemat nasceu em Teerão e cresceu durante a revolução iraniana. Hoje vive no Canadá com o marido e os dois filhos.

Se encontrarem este livro, não deixem de o comprar que vai valer a pena.

SBF

(Foto: Capa livro – A Prisioneira de Teerão – Editado e distribuído em Portugal por: QUIDNOVI QN III – Editora e Distribuidora, Lda)

(Transcrições da contra – capa, são as que aparecem a negrito)

IRÃO



A situação no Irão está explosiva. Será que houve mesmo fraude eleitoral? A dimensão do protesto, reclamando a repetição do escrutínio, é para levar a sério.

Independentemente da ortodoxia do apertado aparelho controlado política e militarmente pelos chamados “guardas da revolução”, e passados quase 30 anos sobre o regresso a Teerão do Ayatollah Khomeini, existem algumas brechas que se foram abrindo ao longo do tempo, daí, a sede de mudança.

Desde a antiguidade que a Pérsia se relaciona com o mundo e desde a deposição do Xá, que essa abertura se fechou. Quero querer, que os últimos quatro anos com a presidência ultra conservadora de “Ahmadinejad”, ajudaram a que a nova geração, nascida já no regime islâmico mas com inevitável visão moderna global, se sinta discriminada e isolada a ponto de acreditarem na mudança do regime por via eleitoral.

Os últimos acontecimentos, vêm provar que, mais tarde ou mais cedo, os reformistas iranianos vão vencer e o Irão voltará ao convívio da civilização, donde aliás, nunca devia ter saído.

SBF

CENSURA


A livraria era pequenina tal e qual a rua que ainda hoje se chama Bernardino Costa. Vai do Largo do Corpo Santo até à Praça Duque da Terceira (vulgo, Cais Sodré).

Mesmo com pide e censura à perna (dos livreiros), lá conseguia alguns livros interessantes, principalmente de poesia.

O outro livreiro que me batia à porta (no emprego), uma vez, apareceu-me com uma caixa que tinha dentro 12 volumes, tipo “de bolso” pró grande, com a “História da Filosofia” da Editorial Presença, edição de 1970, com a dica de “censurado”, ou seja, proibido. O Preço não me lembra, mas era para pagar em prestações. Acho que corria o ano de 1972, ano em que se sentia um reforço na repressão por parte da pide, naquela altura chamada DGS - Direcção Geral de Segurança, e especialmente em tudo o que era; Imprensa, rádio e livros.

Oh Senhor Francisco, eu até gostava de ficar com os livros, mas como é que faço para os ler no comboio?

"Não há problema, o livro que trouxeres para ler, forras com papel que tenha fotografias ou desenhos, assim como se fosse a capa verdadeira, e nunca baixes muito o livro, porque quem vem sentado ao teu lado pode ser pide ou bufo, ler o texto, perceber que livro é e arranjar-te sarilhos. Em casa, não os ponhas numa estante, deixa-os estar na caixa e guarda-os num sítio que não dê nas vistas. Mais importante que tudo, nunca digas a ninguém que tens esta colecção em casa. Um bufo pode estar mesmo ao nosso lado todos os dias e a gente não sabe."

Às vezes, lia estes e outros livros no comboio, tinha medo e até 25 de Abril de 1974, no nosso país, foi assim.

SBF

(Foto: Capa do X volume da colecção referida)

CHE GUEVARA



Já tudo se escreveu e disse sobre ele.

Percebi bem quem era Che Guevara, neste mesmo dia, mas em 1972. A propósito do dia do seu aniversário, o Zé “Barbas” tinha trazido umas folhas dactilografadas com dados biográficos do Che e também alguns textos sobre a revolução Cubana.

Lembro-me especialmente desse dia, ou melhor, noite. Saímos do “Cabaço” à hora do costume, mais ou menos à meia-noite, e ficamos, como muitas vezes fazíamos, ao cimo da (naquela altura) rua do Curronquinho a conversar, desta vez, sobre o nosso revolucionário. Naquele sítio, a posição era estratégica e garantia que nenhum “bufo” nos espiava.

Para mim, este dia 14 de Junho de 72, foi marcante. A vida deste homem fascinou-me. Não só pela opção ideológica, mas, e fundamentalmente, pela entrega completa a uma causa, abandonando tudo o que era bens materiais, incluindo o cargo governamental em Cuba.

A sua lição de vida, continua a ser exemplo para a humanidade.

SBF

DURÃO BARROSO



Aquela cimeira nos Açores, há pouco mais de 6 anos, com o Bush, Aznar e Blair, em jeito de introdução à invasão do Iraque, está-lhe colada à pele e não descola tão depressa, por muito que ele se esforce.

Mesmo para mim, Durão Barroso teria um futuro brilhante, não fosse aquela gafe do tamanho duma guerra que tem custado a vida de centenas de milhares de vítimas, e a destruição dum País, que, não sendo perfeito, era bem menos perigoso para a humanidade, do que se veio a provar ser, o pistoleiro do outro lado do Atlântico.

Bom, em todo o caso, e tendo-lhe sido oferecida numa bandeja, pela maior parte dos dirigentes da Europa, aquilo a que se chama Comissão Europeia, mesmo com aquela coisa da cimeira agarrada à pele, não deixa de ser uma forma de Portugal estar sempre na crista da onda. Mesmo em muitos dos 27 países da EU, haveria cidadãos que teriam alguma dificuldade em perceber onde estava, e o que era o nosso país, se o Durão Barroso não fosse o Presidente da Comissão. É certo que o mesmo serve para outras estrelas nacionais, como o Cristiano Ronaldo ou o Mourinho.

Concluindo. Mesmo com as reservas que me merece este cidadão português, acho que é positivo para Portugal que ele continue a ser o Presidente da Comissão Europeia.

SBF
(Foto: Edifício Berlaymont em Bruxelas - Wikipédia)

CRISTIANO RONALDO



94 milhões de euros são “muitos zeros”. Enfim, negócios entre Ingleses e Espanhóis.

É sempre um exagero, ainda mais nos tempos que correm em que “crise”, é a palavra de ordem. É quase uma ofensa ao cidadão comum, falar-se nestas verbas astronómicas para um jogador de futebol mudar de uma equipa para outra.

Em qualquer dos casos, é impossível não nos sentirmos orgulhosos do “puto”. Só não lhe acho graça, quando nos jogos da selecção não rende o que dele esperamos.

SBF

O CAPITÃO DE ABRIL



Já o disse muitas vezes e é o que sinto. Salgueiro Maia encarnou o verdadeiro espírito do 25 de Abril. Fez o seu papel, o MAIOR, e regressou ao quartel. Nunca aceitou mordomias e, por isso mesmo, até na sua carreira militar não foi lá muito bem tratado.

No dia de ontem, em Santarém, o Presidente de República tinha duas hipóteses;

Ou fazia uma homenagem a sério ao Capitão de Abril e redimia-se do tremendo erro cometido por si, há 20 anos, quando era Primeiro Ministro, ou então, nem sequer passava perto da estátua de Salgueiro Maia, quanto mais ir lá por uma coroa de flores.

Os que amam a LIBERDADE, e os que admiram, como eu, Salgueiro Maia e o que ele representa, não podem esquecer-se de quem o tratou mal.

SBF

FORTALEZA DE PENICHE



No mesmo sítio do calendário, há muito tempo contado em anos, p’ra lá de trinta e cinco, os fardados alinhavam numa grande parada no Terreiro do Paço em Lisboa, e aí, os grados da ditadura, espetavam alfinetadas e prestavam homenagens.

No mesmo sítio do calendário, naquele tempo, os grados não tinham remorsos nem estavam arrependidos. Vinha-lhes o conforto das máximas do “botas” (pátria, família, deus, autoridade) ou outras tão conhecidas e baladas naquela época.

No mesmo sítio do calendário, naquele regime político que durou tempo demais, os peões não davam tréguas aos que estavam noutra guerra, a luta pela LIBERDADE. Os pides e a sua legião de bufos, guardas de honra do “botas”, perseguiam, prendiam e torturavam.

No mesmo sítio do calendário, e no mesmo Terreiro do Paço, muitas lágrimas caíram pelas faces dilaceradas pela dor da perda do ente querido embarcado para África para uma guerra que não queria, para uma guerra que não lhe pertencia.

No mesmo sítio do calendário, e na naquela mesma varanda do Terreiro do Paço, os grados da ditadura nunca tiveram remorsos nem nunca estiveram arrependidos.

Hoje, neste tempo contado em anos depois do nazareno, em dois mil e nove, no mesmo sítio do calendário, visitei a Fortaleza de Peniche. Uma das prisões mais importantes da pide e hoje transformada em museu da luta pela LIBERDADE.

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DIA DE PORTUGAL E DE CAMÕES



Alma minha gentil, que te partiste - Tão cedo desta vida, descontente, - Repousa lá no Céu eternamente - E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste, - Memória desta vida se consente, - Não te esqueças daquele amor ardente - Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te - Alguma cousa a dor que me ficou - Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou, - Que tão cedo de cá me leve a ver-te, - Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões, pode ter nascido em 1524 ou 1525 ou ainda noutro ano diferente. O local, também é, “provavelmente”, Lisboa.

Também não há certezas absolutas em relação à data exacta da sua morte mas, a história, regista o dia 10 de Junho de 1580. O túmulo de Camões encontra-se no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa.

O soneto acima - alma minha gentil - é dos mais conhecidos da “Obra - Lírica” a par de outros como; Amor é um fogo que arde sem se ver, verdes são os campos e mudam-se os tempos mudam-se as vontades.

Nas suas andanças com o seu desassossego, perdeu um olho em Ceuta entre 1545 e 1550. Regressa a Portugal, e das constantes brigas, convívio com rufias, boémia e juras de fidelidade a virgens enganadas, resultou a necessidade de voltar a sair pela barra do Tejo em direcção à Índia para conseguir o perdão do Rei e também por necessidade psicológica.

Nesta viagem, iniciada no princípio de 1553, percorreu todo o império português desde a costa ocidental e oriental de África, golfo pérsico, Índia, todo oriente até Macau. No meio passou por um naufrágio na costa da Indochina, onde se diz ter morrido uma “moça china” de nome Dinamene que ele amava. Também se conta que, neste desastre, Camões conseguiu salvar os manuscritos da sua obra quase por milagre. A sua poesia lírica e épica é um retrato desta sua viagem, incluindo todos as vivências, aventuras, perigos, amores, conquistas, mortes, com detalhes dos locais e percursos efectuados.

Com muita dificuldade e sem dinheiro, regressa a Portugal em 1569, conseguindo a publicação de “Os Lusíadas” e a famosa tença de 15.000 réis anuais que D. Sebastião resolveu atribuir-lhe.

A estância mais conhecida de “Os Lusíadas” será a um do canto primeiro (As armas e os Barões assinalados – Que, da Ocidental praia Lusitana, - Por mares nunca dantes navegados …), mas, por razões que se adivinham, vou transcrever a estância 56 do canto terceiro (A estas nobres vilas submetidas – Ajunta também Mafra, em pouco espaço, - E, nas serras da Lua conhecidas, - Subjuga a fria Sintra o duro braço; - Sintra, onde as Náiades, escondidas – Nas fontes, vão fugindo ao doce laço – Onde Amor as enreda brandamente, Nas águas acendendo fogo ardente.

SBF

(Ajuda: Luís de Camões – Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses)

VETO PRESIDENCIAL - NOVA LEI DE FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS



Este projecto de nova lei, foi aprovado por unanimidade na Assembleia da República, e defendido igualmente pelos mesmos partidos, fora da Assembleia.

É ridículo que o líder parlamentar do PSD, depois de conhecido o veto do PR, venha declarar aos jornalistas, que o seu partido nunca esteve de acordo com os pontos referidos no comunicado do PR. Mas então onde é que estamos? Na Lua? Se votaram a favor, agora estão a dizer o contrário? Só lhe fica mal, mesmo que fosse verdade não o deveria dizer. Como é que querem que acreditemos nestes políticos?

Fizeram um grande esforço para convencerem toda a gente, de que a ausência de titulação por cheque ou outro instrumento bancário, (ou seja, dinheiro vivo) dos donativos ou outras receitas, era necessário que passasse de 22.500 euros para 1,2 milhões de euros ao ano. Claro que ninguém foi na conversa e muito menos o Presidente da República.

Ouvi alguns desculparem-se com a situação particular da “Festa do Avante” do PC. É evidente para todo o cidadão, seja de que partido for, que este evento, o mais importante e significativo do género no panorama partidário português, deve ter um tratamento legal inerente às suas características.Essa legalidade, deverá abranger realizações promovidas por outros partidos com idêntico objectivo. Não é difícil perceber, que não é possível, em plena festa do avante ou festa de outro partido, ir ao “stand” buscar uma cerveja e pagar com cheque.

Cá por mim, ainda bem que o PR vetou. Mas é preciso resolver o problema das festas, arraiais, etc.

SBF

PRATELEIRA DE LIVROS


O ÚLTIMO ANO EM LUANDA
De Tiago Rebelo

Desde há um ou dois anos, que o tema ex-colónias/guerra colonial/retornados, deixou de ser tabu na sociedade portuguesa.

Eu próprio comecei a ter interesse em perceber melhor o lado dos portugueses, que naquela época, tiveram que, em cinco minutos, tomar a decisão das suas vidas, chegar o mais depressa possível ao aeroporto da cidade e não olhar para trás. Naqueles tempos da revolução e do PREC, as coisas por aqui, na chamada metrópole, eram vistas duma forma completamente diferente.

Quando olho para as prateleiras de livros, estou atento às novidades sobre esta temática, e vou comprando moderadamente.

Há pouco tempo li com gosto um romance de Tiago Rebelo, “O Último Ano em Luanda”, que é uma excelente narrativa, sobre três situações distintas, que a família (do romance) viveu em Luanda, embora em tempo seguido.

Primeiro: A vida entusiasmante que se vivia naquela cidade nos primeiros anos da década de setenta.

Segundo: O 25 Abril, fim da guerra e todas as incertezas.

Terceiro: A guerra civil chega à cidade, a decisão de fugir e deixar tudo para trás.

Na capa: 1974/75, os derradeiros meses do império. Milhares de civis em fuga numa cidade mergulhada no caos. O Exército recusa-se a combater. Um casal luta para sobreviver à guerra civil.

Bom livro. Aconselho a leitura.

SBF

EUROPEIAS


Bem sabemos todos que nas legislativas e autárquicas, votam mais, cerca de três milhões de eleitores portugueses, e isso, pode até fazer toda a diferença. Em qualquer dos caos, quase 20 pontos percentuais a menos, relativamente ao último escrutínio, e uma distância de mais de 5 pontos em relação ao principal adversário, o PSD, é uma grande mossa e é suficiente para advertir o PS, de que tudo está em aberto incluindo a derrota nas legislativas.

De facto, toda a gente ganhou menos o PS, e a partir de hoje tudo é diferente.

O discurso da vitória do cabeça de lista do PSD, ao contrário do habitual, em que fundamentalmente se festeja o “ganho”, foi esmagador para as listas adversárias e principalmente para o PS. Como eu hoje já li num título, salvo erro no DN, “o seguro de vida de MFL” ganhou e bem, mas não precisava de pisar sem piedade os que perderam, também não era preciso ser um exemplo de magnanimidade, bastava que festejasse a sua vitória.

O CDS tem muitas razões de queixa das agências de sondagens. Invariavelmente, e desde há muitos anos, que o CDS aparece nas sondagens sempre muito abaixo do que realmente vem a provar que vale nas urnas.

As percentagens obtidas pelo BE e pela CDU, correspondem ao que se esperava e são, cada vez mais, o espírito da esquerda em Portugal. O BE, na minha opinião, mais superficial, e a CDU com mais peso ideológico.

SBF

OS NOSSOS MÉRITOS



Assim que acabou o jogo da selecção com a Albânia, ganho com muito sofrimento, ouvi os comentadores do costume dizer tão mal da selecção, do seleccionador, de alguns jogadores, da Federação, do futebol português e por aí fora. Afinal de contas ganhamos, com muita dificuldade, mas metemos mais golos que os albaneses. Estes fulanos, que fazem do comentário e da análise profissão, estão convencidos que só são ouvidos quando deitam abaixo, quando são polémicos. Quando dizem que a coisa está bem, ninguém lhes liga nenhuma.

Sem grande esforço na pesquisa, encontrei em cinco minutos, três ou quatro situações em que somos melhor que os outros, mesmo no desporto. É claro que, os exemplos a seguir, não abrem telejornais, não são noticiados nas rádios e não são chamadas de primeira página nos jornais diários.

Na taça do mundo de judo, realizada este fim de semana em Almada, já ganhamos duas medalhas de ouro nas respectivas categorias; Telma Monteiro e Joana Ramos. Uma medalha de bronze para Leandra Freitas.

Na taça da Europa de atletismo a decorrer na Madeira, ganhamos por equipas (Portugal), as taças de 10 000 metros em femininos e masculinos.

Hoje de manhã, na Antena 1, ouvi uma reportagem sobre o programa europeu de ensino Erasmos”. Entrevistavam-se alunos nacionais e estrangeiros, opinando cada um deles, sobre os vantagens deste programa. Todas as opiniões muito pela positiva, quer os portugueses no estrangeiro, como os estrangeiros em Portugal. Uma das entrevistadas portuguesas que estuda arquitectura em França, realçou especialmente, a maneira como mudou a opinião acerca do nosso país e das coisas que cá se fazem. Logo nos primeiros contactos com colegas franceses e de outros países, percebeu como o nosso país é admirado nesta disciplina. Em arquitectura, o Siza Vieira e o Souto Moura, são universalmente reconhecidos como os maiores, e todos os dias, a nossa conterrânea, sentia isso mesmo. Duma forma geral começou a admirar coisas nacionais que até aqui não tinha reparado. Começou a ter orgulho na sua origem, começou a ter orgulho na história de Portugal, começou a ter orgulho nos portugueses, até começou a ver a RTP Internacional e a interessar-se pelas notícias do nosso país.

Para sairmos desta depressão colectiva, precisamos valorizar os nossos méritos, e, se para isso, tivermos que ouvir um francês, alemão ou Belga dizer que um dos nossos é o maior, paciência. Definitivamente, encaremos os erros e os defeitos, como ferramenta de aprendizagem para que se consiga atingir o bom.

SBF

GUINÉ-BISSAU A FERRO E FOGO



Passaram poucos dias desde a morte de Luís Cabral no passado dia 30 de Maio, aqui em Portugal, onde se encontrava exilado. Assumiu a liderança do PAIGC desde o assassinato do seu irmão Amílcar Cabral, e foi o primeiro Presidente da Guiné-Bissau desde a proclamação unilateral da independência em 24 de Setembro de 1973, nas áreas libertadas em Medina de Bué. Esta independência, viria a ser reconhecida por Portugal, já em 1974, após o 25 de Abril.

Até à sua deposição, em resultado do golpe de estado em 14 de Novembro de 1980, liderado por Nino Vieira, a Guiné-Bissau, viveu anos de tranquilidade e paz, tudo levando a crer, que no universo das ex-colónias portuguesas, viria a ter sucesso rápido, visto não ter, (por enquanto) problemas de guerra civil ou outras lutas internas pelo poder. Também se conhecia a boa preparação para a governação e diplomacia dos dirigentes daquela época, a começar pelo Presidente da República.

O que é certo é que, a partir do consolado de Nino Vieira, as coisas começaram a ser resolvidas muitas vezes na “ponta da espada”, a componente tribal floriu e o País nunca mais andou como se esperava. Depois de muitas execuções, e de muitas expulsões, de mais mortes e da deposição de Nino Vieira em 1998, a Guiné-Bissau torna-se uma das mais importantes placas giratórias da droga que vem do outro lado do Atlântico com destina à Europa. Muitos outros interesses entram em jogo e tudo passa a movimentar-se em função deste negócio.

Com mais uns golpes e assassinatos, incluindo o do Nino Vieira, chegamos ao dia de hoje em que, mais uma vez, se identifica as causas como tentativa de golpe de estado, morrem mais uns quantos que até nem estavam, em nenhum órgão institucional. Observadores, continuam a dizer que são os cartéis que mandam, e os bons guineenses vão sofrendo.

A CPLP deve fazer um esforço grande para ajudar a Guiné-Bissau a sair deste atoleiro em que se meteu.

SBF

OBAMA NO MÉDIO ORIENTE


Este homem começa a escrever a nova história das relações entre o mundo muçulmano e o ocidental.

Este discurso, na Universidade do Cairo, marcará a nova postura americana perante o resto do mundo. Barack Obama coloca os americanos ao mesmo nível dos outros povos, e hoje, no Egipto, estendeu a mão aos muçulmanos e, duma forma muito particular, aos palestinianos e aos iranianos.

Neste tempo, não é qualquer um, nem estávamos habituados que assim fosse, que se reconhece sem quaisquer reservas, o direito à autodeterminação e independência da Palestina e, que se compara a luta do seu povo, à dos negros nos USA, a meados do século XX.

Neste tempo, ainda não tínhamos ouvido nenhum dirigente político do ocidente, afirmar com todas as letras que, se os USA e outros países fazem uso da energia nuclear, porque é que o Irão não o pode fazer, cumprindo naturalmente as regras da não proliferação e usando-a só para fins pacíficos?

Os outros líderes ocidentais, principalmente os europeus, bem podem começar a alinhar pelo mesmo diapasão, porque senão, rapidamente são engolidos pela intervenção activa e realista deste novo Presidente americano que, em boa hora, foi eleito.

SBF

(Foto: Wikipédia)

PORTUGUESES DE MALACA



A propósito da eleição das “sete maravilhas de origem portuguesa no mundo”, e das várias apresentações que tenho visto na RTP, impressiona-me especialmente uma que é a antiga cidade portuguesa de Malaca, na actual Malásia. Não tanto pelas ruínas das construções de origem portuguesa, mas sim pela população que lá ficou e que conservou a nossa cultura e hábitos, passado mais de três séculos.

Admiramo-nos quando vemos os indianos de Goa, Damão ou Diu, falando fluentemente o português, ou a população de Timor Leste que, mesmo clandestinamente, manteve os nossos hábitos e costumes. Mas, nestes exemplos, estamos a falar de trinta/cinquenta anos. Os portugueses foram expulsos de Malaca pelos Holandeses, em 1641, ou seja, passaram 368 anos.

Os portugueses de Malaca, falam português medieval, praticam os nossos usos e costumes daquela época, cozinham da mesma forma que o fazíamos no século dezasseis e dezassete, dançam o nosso folclore, tocam e cantam o nosso cancioneiro popular, e raramente têm contacto com portugueses da actualidade.

Esta eleição das maravilhas portuguesas é uma excelente oportunidade para as autoridades portuguesas, olharem para estas comunidades com o sentido de as ajudar e valorizar, na abrangência da universalidade da nossa cultura.

A nossa presença nos quatro cantos do mundo foi, e é, a nossa grande contribuição para a globalização, no que aí existe de positivo.

SBF

MÃE BIOLÓGICA OU ADOPÇÃO?

Ontem apareceu na comunicação social, uma mãe adolescente com toda a família atrás, reclamando uma criança de cerca de dois anos e meio, que está relacionada para adopção, depois de ter sido entregue à protecção do estado pelo tribunal, quando tinha dois meses de idade. A este propósito, fiz o seguinte comentário no “Expresso online”:

“Mas então o que é que mudou tanto em dois anos e meio?

Se o Martim agora tem uma família muito grande e que o ama muito, a mesma situação e os mesmos sentimentos já não existiam há dois anos e meio?

Há muita coisa que não está a ser devidamente passada para a opinião pública.

Das duas uma; Ou, aquando do nascimento da criança, a mãe e família não garantiram o necessário amparo do bebé, a ponto da segurança social entrar em campo e cumprir a sua obrigação, ou, a família inteira queria muito e tinha condições para tratar do Martim e, a segurança social, vestindo a pele do lobo mau, foi lá, e levou o menino.

É preciso que se diga tudo e não se intoxique a opinião pública.

Neste momento, se a criança ainda não foi adoptada, e se se verificar existirem condições para o seu regresso à família biológica, acho que, com todas as cautelas e sem pressões de protestos, greves de fome, directos de TV’s, o devem fazer.”

SBF

PRATELEIRA DE LIVROS

TRANSA ATLÂNTICA
De Mónica Marques


Este livro de pequenos contos e histórias ao estilo de “postagens” de blogues, deixou-me maravilhado nestes últimos dias, no meu tempo diário de leitura.

O trocadilho do título, deixa antever o picante em cada capítulo. A quase totalidade das histórias que a Mónica nos conta, tem como palco a cidade do Rio de Janeiro e as suas praias. A temperatura dos trópicos e a disposição do carioca para amar, faz com que, viver naquela parte abençoada do mundo, seja o melhor que pode acontecer a um ser humano e ainda por cima se for português.

Na contracapa lê-se – “Transa Atlântica é um livro sobre o amor a uma cidade e uma ficção sobre mulheres de quarenta anos mais ou menos enlouquecidas”.

A Mónica Marques nasceu em Lisboa em 1970. É jornalista. Formou-se em Relações Internacionais. Vive no Rio de Janeiro há sete anos, com o marido e os dois filhos. Este é o seu primeiro livro e é publicado pela “Quetzal Editores”.

Comprem e leiam.

SBF

AIRBUS 330 DESAPARECEU NO ATLÂNTICO


Até há oito anos atrás, viajava de avião com alguma frequência. É um hábito como qualquer outro, só que, é incompleto, porque ao medo a gente nunca se habitua.

Tive sempre medo de voar. Apanhei alguns sustos, uns mais que outros, e num ou noutro dos “mais”, também cheguei a pensar que podia ser o fim. Quando a rota era sobre o mar, o medo subia. O que mais me afligia, era a possibilidade de não cair em terra e, vez disso, afundar-me no oceano.

Para os familiares dos passageiros e tripulantes deste voo Rio/Paris, a morte deles é dolorosa como é sempre, mas a circunstância dos corpos poderem não ser recuperados, aumenta em muito a dor, e é uma aflição sempre em aberto.

Para estas 231 pessoas, a morte não preveniu a vida!

SBF

ELES FALAM, E A CRISE CONTINUA …


E os da farda não param de realizar encontros de homenagem a Jaime Neves. Em vez de se esforçarem tanto por razões estritamente militares, deviam, estes fardados, que pelo tempo do 25 de Abril passaram, ter tendência para reconhecer o mérito dos outros que lutaram no terreno, pela liberdade e progresso do povo português.

Pela liberdade e progresso do povo português deviam empenhar-se os deputados que vão ser eleitos a sete de Junho para o parlamento europeu. Pela fraca campanha eleitoral que estão a fazer, já se está mesmo a ver o empenhamento que vão ter em Estrasburgo.

Os outros, da Autoridade de Segurança Rodoviária, não estão a gostar da entrada em cena dum circuito via SMS, de aviso aos condutores, da proximidade de radar ou operações STOP, nas estradas portuguesas. Mas o condutor não tem o direito de estar prevenido das áreas de fiscalização?

Sem ajuda governamental, como é que o leite pode ser pago aos produtores a € 0,40 o litro, se é vendido nas grandes superfícies a € 0,39?

O comunicado da ERC, e a posição do conselho deontológico dos jornalistas, sobre o JN da TVI às sextas-feiras com a pivô MMG, são condenação muito forte para qualquer profissional daquela área. Será que ela vai continuar a disparar em todas as direcções, mesmo contra colegas?

SBF

NÃO FOI POR ESQUECIMENTO

  NÃO FOI POR ESQUECIMENTO Não foi por “esquecimento” que ao longo de 49 anos, a Assembleia da República nunca reuniu solenemente para ass...