Pelo princípio e meados dos anos oitenta do século passado, durante a minha permanência em Moçambique, cruzei-me algumas vezes com Mia Couto. Na altura, já ele era director do “Notícias de Maputo”, o jornal mais importante do País. Foi a fase de jornalista. Embora tenha formação superior em biologia, a escrita foi o seu destino e, até hoje, construiu uma vasta obra que está traduzida em muitas línguas. Os prémios são muitos e não se limitam ao universo da lusofonia.
Mia Couto nasceu na Beira em 1955, permaneceu sempre em Moçambique, nos piores e nos melhores momentos, e hoje é um dos grandes da língua de Camões.
Silvestre Vitalício, seu filho Mwanito, condutor da narrativa desta “poética” prosa, são os alicerces da história que o autor desenvolveu à volta dos preconceitos, da exclusão e das memórias das guerras que lamberam o País. Consegue realçar o real valor da vida, que muitas vezes se esquece na lama do nosso mundo.
Edição da “Caminho”. Abril de 2009.
SBF
(Gravura: Capa do Livro)
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