25 DE ABRIL


Tantos a reivindicar a “posse” do 25 de Abril…

Como se pode querer só para si, qualquer coisa que não é de ninguém e é de todos?

E os cravos vermelhos? Tantos… e em lapelas nunca vistos.
   
Silvestre Félix

O POVO É QUEM MAIS ORDENA!


E o “bufo” recebeu o envelope que continha o pagamento das denúncias do mês de março. Era abril e o “bufo” contava fazer um bom mês em consequência do levantamento dos militares das Caldas.

Mal sabia o “bufo” que acabava de receber o último envelope daqueles que moravam na António Maria Cardoso.

Quando se deitava, antes de adormecer, como se fosse um jogo de adivinhação, imaginava que tortura teria sido aplicada a fulano, a beltrano e por aí fora. Pelas suas contas, durante este mês de “águas mil”, iria atingir a centena de “bufarias”.

Mal sabia o “bufo”, porque era o vigésimo quarto dia do mês, que nunca chegaria a cem denúncias.

Ouviu-se, “E depois do adeus” e a “Grândola Vila morena” e, pela madrugada, enquanto o “bufo” se preparava para assobiar para o lado e abraçar efusivamente o vizinho que antes denunciara, o “mancebo” acordava com as marchas militares que brotavam da telefonia.

E o mancebo ouvia,

e o mancebo pensava,

e o mancebo tentava adivinhar,

e o mancebo perguntou e a telefonia respondeu:

Aqui, posto de Comando do Movimento das Forças Armadas!

E o mancebo ouviu tudo e gritou:

A GUERRA VAI ACABAR! 
 
Silvestre Félix

A PRIMEIRA DERROTA DE SALAZAR de Paulo Aido


O mapa da “Índia Portuguesa” iria permanecer junto dos outros que representavam todos os cantos do “império”, na sala de aulas da minha escola primária por muitos mais anos, mesmo depois de 18 de Dezembro de 1961, dia em que os territórios de Goa, Damão e Diu foram anexados pela União Indiana.

O romance histórico, “A primeira derrota de Salazar” de Paulo Aido, conta-nos o que se passou naqueles últimos dias de 450 anos de soberania portuguesa em Goa. Trata-se duma narrativa cronológica que retrata bem a irredutibilidade de Salazar em negociar uma saída honrosa e vantajosa para todas as partes. 

O que Salazar queria, para o poder exibir ao mundo, era o massacre dos 3.500 militares e, se possível, de mais alguns milhares de civis. Felizmente, na Índia, o Governador Vassalo e Silva teve o bom senso e a sabedoria de o evitar.

Paulo Aido é jornalista de profissão e a edição é de “Zebra Publicações” e a primeira em Novembro de 2011.

Para enquadrar, do ponto de vista histórico o romance, consultei com regularidade, “Xeque-mate a Goa” de Maria Manuel Stocker numa edição de 2005 da “Temas e Debates”. Há uma nova edição da Bertrand de 2011. Para quem se interesse por esta temática (Ex-Índia Portuguesa) ou, duma forma geral, pela política colonial de Salazar, aconselho vivamente este ensaio de Maria Stocker.

Enquanto li “A primeira derrota de Salazar” também mantive “à mão” outro retrato do ditador, “Salazar o ditador encoberto” de António Simões do Paço, edição da Bertrand de 2010, que me ajudou a considerar toda a abrangência daquela época tão “quente”. Em 1961 começava também a guerra em Angola e a ditadura de Salazar era, finalmente, condenada em todos os areópagos internacionais.

Silvestre Félix

FRANÇA E AS ELEIÇÕES…


Se o socialista Hollande ganhar as presidenciais francesas, muita coisa na Europa pode mudar, ou não!

Se o programa eleitoral do candidato mais as promessas de campanha forem levados à prática, a França dará um primeiro e decisivo passo para impor um novo paradigma na política europeia. Mas, como quase sempre acontece em qualquer eleição política, uma coisa é a promessa em campanha e outra, bem diferente, é o exercício do poder.

Se François Hollande ganhar podemos caminhar rapidamente para o fim deste ciclo neoliberal.

Noutros Países virá também a mudança e pode ser que ainda tenhamos um “Outono” com esperança.

Silvestre Félix

SOMOS UMA SOMBRA…


Com o desfile de coisas que têm mudado ou acabado nos últimos tempos em Portugal, ficamos com a sensação de que caminhamos para o fim. O País está uma sombra (para pior) do que era há dois ou três anos e há por aí uns quantos que continuam a culpar a generalidade dos portugueses pela austeridade que nos impõem.

Não foi o que inventou os “mercados”, os fundos financeiros, as crises das dívidas, os juros agiotas e as agências de rating. E os bancos de investimento? Quem os criou? Os mesmos – o capital! Estes bancos são autênticos aviários de agentes especulativos. Criam os seus produtos e definem a extensão dos seus tentáculos. Depois colocam os seus agentes nesses tentáculos, que podem ser organismos estatais ou mesmo governos, grandes empresas, bancos nacionais, outras empresas financeiras e bolsas de valores. O importante é que seja em zonas que estejam a sofrer algum tipo de vulnerabilidade. Desde a sede, normalmente do outro lado do oceano, vão dando instruções de atuação aos agentes para comprar, vender, lançar o boato, etc., etc. O objetivo é ganhar dinheiro e muito! Não interessa mais nada, se for preciso até se deitam governos abaixo.

O longo caminho de desenvolvimento percorrido no nosso País está a regredir rapidamente.

Silvestre Félix

AJUDA A 5 % ??


Desde ontem que está disponível o “Dicionário das crises e das alternativas” editado pelas “Edições Almedina” e autoria do “CES-Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra”, com prefácio do Professor Boaventura de Sousa Santos.

Esta obra coletiva, de indiscutível interesse, permite que, de forma muito acessível, entendamos muitas expressões utilizadas neste tempo atribulado e “troikado”. A propósito, vejam só o que Teresa Cravo escreve sobre a tão propalada e abusada “Ajuda Externa”:

«Particularmente evidente no caso de Portugal, o discurso dominante da “ajuda” para se referir à ação da troika camufla uma situação que deveria, na realidade, por empréstimo não-concessional, com juros entre 4% e 5% que podem vir a atingir metade do financiamento externo. A ideia de “auxílio” não só engrandece os credores, como esconde a principal motivação de intervenção externa: a salvaguarda dos seus próprios interesses económicos – evidenciada pelos países que suportam a maior parte do empréstimo serem aqueles mais expostos a uma eventual falência do Estado português.»

Na relação normal de negócio o BCE empresta à banca a 1% e um ou outro Estado da zona euro consegue financiar-se a menos de 1%. Como se pode chamar “ajuda”, a empréstimos com juros de 4% ou 5% como o que estamos a pagar?

Comprem o dicionário, só custa três euros com o JL ou Visão.

Silvestre Félix

ENSINO SÓ PARA RICOS…


Já não há qualquer espécie de dúvida, em Portugal, o ensino voltou a ser um privilégio de rico como o era no tempo “da outra senhora”.

Todos conhecemos um ou outro exemplo de abandono a meio do curso por nega de bolsa ou por inesperada dificuldade financeira. Por outro lado, são muitos os testemunhos de estruturas universitárias que confirmam a situação dramática de tantos e tantos alunos.

Para o Governo tudo está normal e o “falatório” não passa de invenção da oposição…

Silvestre Félix

JOSÉ MANUEL TENGARRINHA


Em 1969, embora a ditadura ainda caminhasse, respirava-se alguma esperança no futuro com a prometida “primavera marcelista”. Na verdade, a tão desejada “estação florida” nunca chegou e a luta continuou.

Neste ido ano do século passado foi tempo de (disfarçadas) eleições para a Assembleia Nacional, como na altura se chamava o Parlamento e, procurando bem, lá se encontrava um ou outro cartaz da CDE-Comissão Democrática Eleitoral, concorrente da oposição democrática que agrupava comunistas, socialistas e outros democratas de esquerda.

A CDE ou o MDP/CDE como se chamou depois do 25 de Abril teve como Líder o “obreiro de consensos” José Manuel Tengarrinha. No último sábado, comemorando os seus 80 anos de idade, juntaram-se a ele antigos correligionários e muitos amigos. A comunicação social destacou alguns nomes mais conhecidos e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, entregou a Tengarrinha uma das mais importantes condecorações do município da cidade capital.

O grande “pecado” de José Manuel Tengarrinha foi ser (ainda é) um acérrimo defensor de consensos. Nos tempos mais “produtivos” da nossa democracia, foi sempre mais importante defender posições políticas inflexíveis do que procurar pontes de entendimento no interesse do povo português. Daí o seu afastamento da política ativa.
 
Tengarrinha, nunca se encaixaria no jogo político das últimas décadas. Seria como um “peixe fora de água”.

Feliz aniversário para o grande José Manuel Tengarrinha.

Silvestre Félix

TRATADOS E AFINS…


Em tempo de discussão parlamentar dum novo tratado UE, vem à baila, mais uma vez, a questão do referendo sobre a nossa participação na União (?).

A opção referendária nunca vingou porque a adesão à Europa iria, dizia-se, desenvolver o País e levá-lo à convergência económica com os parceiros mais ricos. Fazermos parte do “clube”, era a garantia de sucesso da nossa democracia.

De facto, essa corrida no sentido convergente aconteceu até início do século XXI mas, a partir daí, estagnamos e, nos últimos dois anos, regredimos quase ao ponto de partida.

Entretanto, a integração europeia do ponto de vista político não avançou e, em muitos aspetos, também andou para trás. Com a crise, destaparam-se as ”guloseimas”. As hesitações no início da questão grega por parte da Alemanha que, com a França de Sarkozy, já se assumia titular do “diretório”, puseram a nu todas as intenções relativamente ao futuro dos periféricos do sul.
             
A Espanha e a Itália voltam a estar na mira dos especuladores. É necessário que Portugal e os outros parceiros do sul se assumam em aliança e enfrentem os “atacantes”.

A “Jangada de Pedra” pode sempre funcionar.

Silvestre Félix

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE


O Ministro da Saúde voltou a afirmar hoje na Assembleia da República que o setor da saúde continua sem ter sustentabilidade. A repetição desta ideia não é mais do que a necessidade de justificar mais medidas gravosas que aí vêm, para os portugueses.

A existência do SNS é, felizmente, um bom travão à desejada política ultraliberal, também na área da saúde, de alguns setores do poder vigente.

Silvestre Félix

MATERNIDADE ALFREDO DA COSTA


A forma “gelada” como alguns se têm referido à (falsa) inevitabilidade do fecho da Maternidade Alfredo da Costa é, no mínimo, chocante.

A MAC não é mais uma maternidade, é, a maternidade! 
                                                  
É a excelência da “materno-infantil” do País!

Tem uma grande parte de responsabilidade de Portugal estar no Top mundial nesta especialidade!

Haverá algum tipo de racionalidade na “aventada” dispersão das equipas por outros hospitais, só porque esses “outros” têm capacidade instalada que não está a ser utilizada?

Os tecnocratas da treta deviam curvar-se com respeito à frente dos profissionais da MAC.

Silvestre Félix                                                                   

MOÇAMBIQUE VS PORTUGAL


Finalmente a questão de Cahora Bassa fica resolvida. Não é exagero dizer-se que foi encerrado o último capítulo da descolonização portuguesa.

Moçambique, com a posse definitiva da grande hidroelétrica, consolida-se como potência regional de energia limpa e mais preparado para o seu desenvolvimento.

Moçambique vai ser um grande País.

Silvestre Félix

SCUT'S


Qualquer português sente vergonha ao ver uma “bicha pirilau” de espanhóis a protestarem e a pedirem livro de reclamações pela “seca”, até conseguirem fazer o pré-pagamento de portagens das ex-scut’s.
 
Este Governo, grande paladino da cobrança de portagens em todas as antigas scut’s, devia ter feito bem as coisas. Toda a gente sabe que na semana da Páscoa há grande movimento de fronteira com entrada de espanhóis.

Silvestre Félix

AS ANTECIPADAS… ACABARAM!


Grande parte dos portugueses que hoje têm entre 55 e 65 anos, trabalham desde os 14-15 anos. Ou seja, pagam para a reforma há mais de 40 anos.

Todos sabemos que o dinheiro descontado pelos trabalhadores portugueses, guardado e capitalizado pelo Estado através da Segurança Social, está a eclipsar-se. Os políticos não o guardaram como devia ser, não devíamos ter confiado neles…

A reforma antecipada ainda era uma alternativa para quem ficasse desempregado com mais de 55 anos. A injustiça começa a ser servida a todas as refeições… (as que ainda se servem).

Não é “inocente” a forma discreta como o Governo aprovou, decretou e Cavaco promulgou.

O “balão” de desconfiança no Governo está cada vez mais cheio…

Silvestre Félix

MOURINHO E A SELEÇÃO!


Mourinho tem tanto de bom treinador como de arrogante e pretensioso.

É o melhor treinador do mundo e, desse ponto de vista, admiro-o e desejo que continue a ter sucesso na sua carreira. Não tenho dúvida que quando for treinador da nossa Seleção, os resultados serão inevitavelmente bons. Tomando como certo o que agora é desejo, não quer dizer que, até lá, a Seleção não possa ter grandes vitórias e ganhar mesmo algum torneio importante.

Ou seja, quando Mourinho diz a um jornal italiano que um dos seus três principais objetivos é levar a Seleção portuguesa a ganhar pela primeira vez um grande título, desrespeita e passa atestado de incompetência ao atual selecionador, seu colega de trabalho, e outros que eventualmente se sigam, até que chegue a vez dele.

O comportamento é antissocial, egocêntrico e denuncia um certo desequilíbrio do foro psicológico, no mínimo.
     
«Presunção e água benta, cada um toma a que quer!»

Silvestre Félix

UMA QUESTÃO DE BITOLAS…


Parece que o bluff da “bitola europeia”, relativamente à ferrovia de mercadorias propagandeada por Passos Coelho e pelo ministro que veio do outro lado do mundo, “antes de ser já o era!” (o bluff).

Na verdade, à exceção de Barcelona para a fronteira com a França, no resto de Espanha não existe bitola europeia, só ibérica como em Portugal. Então qual é a lógica da construção da linha de mercadorias desde Sines até Caia em bitola europeia?

Na ânsia de deitar para as urtigas o TGV do anterior Governo, alguns pormenores foram mal estudados.

Também para esta situação o Poeta António Aleixo disse:

«P'ra mentira ser segura/e atingir profundidade/tem de trazer à mistura/qualquer coisa de verdade.»

Silvestre Félix

DAMA DE RANGUM


A “Dama de Rangum” foi ontem eleita deputada.

A esperança regressou à Birmânia. Aung San Suu Kyi, filha de um general herói da independência assassinado em 1947, depois de praticamente 20 anos em prisão domiciliária, resistiu a todos os desmandos e ratoeiras praticadas pelos militares no poder e foi determinante para que o regime tivesse abrandado a pressão, cedendo um pouco e permitindo a realização de eleições com a sua participação. 

Permanece a dúvida no Ocidente, se esta abertura faz parte duma estratégica da Junta Militar só para aliviar as sanções ou se correspondem a uma intenção real de caminhar para um sistema verdadeiramente democrático.

Para já, a Prémio Nobel 1991, festeja a vitória e os birmaneses acreditam num futuro auspicioso. Suu Kyi tem hoje 66 anos mas está com alguns problemas de saúde. O seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND) precisa da “Dama de Rangum” para mobilizar o povo sofrido da Birmânia.

Silvestre Félix

JUNTAS DE FREGUESIA VIERAM A LISBOA!


O Ministro Relvas que se ponha a “fancos” e o Primeiro-Ministro que não deixe de consultar o otorrinolaringologista e o oftalmologista porque é imprescindível que oiça e enxergue bem a multidão de povo que as condenadas Juntas de Freguesia trouxeram à Capital. Ao contrário do que é habitual, o que se viu foi povo na sua melhor expressão e sem qualquer motivação partidária.

Com tantas necessidades de reforma para melhorar eficácia de funcionamento e para reduzir custos, porque que raio se haviam de lembrar de tomar como “bode-expiatório” as inofensivas e baratas, Juntas de Freguesia? O conjunto destas Autarquias tem menos funcionários (cerca de oito mil) que algumas câmaras municipais e em termos de OE representam menos que 0,1%. É realmente um segredo bem guardado, porquê? Será só para troika ver e não mexerem nos poderosos municípios?

Estou certo que se a regionalização tivesse sido feita com os Açores e Madeira ou, pelo menos, há 15 anos, o País hoje seria uma realidade completamente diferente. Não, como foi proposta a referendo. Nunca percebi a necessidade da elaboração de novos mapas. Era só pegar, por exemplo, nas onze províncias existentes no Continente ou nas cinco CCDR’s, atualizar em estatuto regional, mandar os distritos às malvas, manter duma forma geral os municípios e freguesias criando na mesma fase, a possibilidade de aparecimento de uniões executivas para Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias com adesão livre, possibilitando o desenvolvimento de políticas integradas capitalizando todas as sinergias e formando escalas compatíveis com as necessidades regionais e nacionais. Desta forma eram eliminadas à nascença todas as “disputas” territoriais e respeitava-se o legado histórico das populações. Acho que era por aqui que devíamos ir.

Com a tendência para complicarmos tudo, estamos tramados e sujeitos ao que a troika nos quer impor. Mesmo assim, em vez de enfrentarmos os problemas de frente, vamos cair em cima dos mais fracos com a esperança de que o resto vem por “obra e graça do espírito santo”. 

As inofensivas e baratas Juntas de Freguesia, para quem tinha dúvidas, estão a demonstrar ser “um osso duro de roer” para o aventureirismo do Governo, nesta matéria.

Silvestre Félix

PORQUE NÃO SE CALAM?

PORQUE NÃO SE CALAM? São praticamente os mesmos, que há menos de dois meses, bradavam “aos céus” por medidas mais restritivas, fortes e ...