O mapa da “Índia Portuguesa” iria permanecer junto dos outros que
representavam todos os cantos do “império”, na sala de aulas da minha escola
primária por muitos mais anos, mesmo depois de 18 de Dezembro de 1961, dia em
que os territórios de Goa, Damão e Diu foram anexados pela União Indiana.
O romance histórico, “
A
primeira derrota de Salazar” de
Paulo Aido, conta-nos o que se
passou naqueles últimos dias de 450 anos de soberania portuguesa em
Goa. Trata-se duma narrativa cronológica
que retrata bem a irredutibilidade de
Salazar
em negociar uma saída honrosa e vantajosa para todas as partes.
O que Salazar queria, para o poder exibir ao mundo, era o massacre dos
3.500 militares e, se possível, de mais alguns milhares de civis. Felizmente,
na Índia, o Governador Vassalo e Silva teve o bom senso e a sabedoria de o evitar.
Paulo Aido é jornalista
de profissão e a edição é de “Zebra
Publicações” e a primeira em Novembro de 2011.
Para enquadrar, do ponto de vista
histórico o romance, consultei com regularidade, “Xeque-mate a Goa” de Maria
Manuel Stocker numa edição de 2005 da “Temas e Debates”. Há uma nova edição da Bertrand de 2011. Para quem se interesse por esta temática (Ex-Índia Portuguesa) ou, duma forma
geral, pela política colonial de Salazar,
aconselho vivamente este ensaio de Maria
Stocker.
Enquanto li “A primeira derrota de Salazar” também mantive “à mão” outro retrato do ditador, “Salazar o ditador encoberto”
de António
Simões do Paço, edição da Bertrand
de 2010, que me ajudou a considerar toda a abrangência daquela época tão “quente”. Em 1961 começava também a
guerra em Angola e a ditadura de Salazar era, finalmente,
condenada em todos os areópagos internacionais.
Silvestre Félix