Era uma vez um pastel de nata…
A história começa como, deste o
princípio dos tempos, muitos milhões de outras histórias começaram. Pode
parecer ser infantil mas não, nem tudo o que parece, é!
Em tempos que já lá vão, numa
terra muito distante e fria, havia um menino que sonhava ter um novo brinquedo
a que daria um nome que não aparecia muito claro – Podia ser só natas, natas de Belém, pastéis de Belém ou, ainda, pastéis de nata. O menino, depois
de acordar, ficava sempre muito inquieto com esta importante incerteza – O nome correto do brinquedo!
Deste lado do mundo, à beira mar criado,
o “pastel
de nata” com que o menino sonhava, fazia o seu saboroso percurso
tornando-se figura importante do reino. Adoçava a boca de nacionais e
estrangeiros, deambulava pelos corredores do poder, impunha-se nas mesas reais
e plebeias chegando mesmo a servir de moeda de troca para resgate de
importantes medidas económicas que tardavam em ser objeto de acordo na Concertação Social.
Entretanto, o menino que sonhava lá
na terra fria e distante fez-se homem e, certa manhã, navegando pelo “Google Earth”, passou por Lisboa e descobriu a rua de Belém e, por arrastamento, os
célebres “pastéis de Belém”. Agora, o
homem que continuava a sonhar, não mais parou de dissecar sobre; natas, natas de Belém, pastéis de Belém e pastéis de nata. Havia de descobrir
tudo sobre o seu sonho de criança.
Quando queremos muito uma coisa,
mais tarde ou mais cedo acabamos por conseguir …a coisa! Depois de muita
pestana gasta e de noites inteirinhas sem dormir, certo dia, sem perceber (expressão verbal que o acompanharia durante
muito mais tempo) porquê e porque a história começa por – Era uma vez…e por isso tudo é possível,
o menino, agora homem feito, estava no Palácio
da Ajuda, próximo de Belém, a
tomar posse duma super pasta ministerial que haveria, mais à frente, de tratar
da temática das “natas”.
Estava finalmente traçado o
futuro brilhante deste sonhador menino que se fez homem com barba e que, mercê
do desenvolvimento gastronómico e científico das natas, das natas de Belém, pastéis de Belém ou pastéis de nata (continua a ter muita dificuldade em acertar no
nome certo), devolveu (decerto sem perceber como) a este reino à beira mar plantado, algum sentido de
humor…
pobres, mas limpos de espírito e, neste caso, “doce espírito”!
Era uma vez um pastel de nata…
Silvestre Félix