NÃO FOI POR ESQUECIMENTO

 

NÃO FOI POR ESQUECIMENTO

Não foi por “esquecimento” que ao longo de 49 anos, a Assembleia da República nunca reuniu solenemente para assinalar a data de 25 de novembro de 1975. Também não o fez relativamente ao 28 de setembro de 1974 e ao 11 de março de 1975. Para quem não percebeu ou não quer perceber, foram dias em que ocorreram eventos marcantes para o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) iniciado com o golpe de estado de 25 de abril de 1974 levado a cabo pelos Capitães de Abril, organizados no MFA (Movimento das Forças Armadas) e que, nesse mesmo glorioso dia, traria para a rua muitos milhares de portugueses a festejarem a libertação das amarras da longa ditadura e a encherem os canos das armas dos soldados, com cravos vermelhos.

Após 25 de novembro de 1975, a força do MFA estava unida em volta do “Grupo dos Nove” materializada com importantes intervenções de Ernesto Melo Antunes, Vasco Lourenço, Costa Gomes e outros. Estas posições públicas foram determinantes para calarem o aventureirismo de alguma extrema-esquerda e encostarem à parede os da extrema-direita fascizante que viram naquele dia a oportunidade de regressarem ao antigamente e voltarem a encarcerarem os comunistas e afins, nas prisões da Pide.

Reorientados os caminhos para a consolidação da democracia, sem ressentimentos, com algumas feridas, mas devidamente tratadas, sem vencidos nem vencedores e com um consenso político-militar alargado, ultrapassou-se a última grande provação do tortuoso percurso do PREC.

Até que, passados 49 anos, uma maioria de “iluminados” deputados da XVI Legislatura da República, em que a média de idades é de 48 anos e meio, ou seja, grande parte ainda não tinham nascido quando o 25 de novembro aconteceu, puxados por uma extrema-direita trauliteira e populista, decidem abrir uma ferida há muito fechada e aprovam a realização duma sessão solene na AR, semelhante à do 25 de Abril, para comemorar aquela data.

Lamento, como decerto lamentam muitos portugueses, que deputados da nossa República, estejam a protagonizar tamanha afronta ao 25 Abril, aos Capitães de Abril e à Democracia.

Volta a justificar-se que se grite com toda a força,

25 DE ABRIL, SEMPRE!

S. Brandão Félix

24 novembro de 2024



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