FORTALEZA DE PENICHE



No mesmo sítio do calendário, há muito tempo contado em anos, p’ra lá de trinta e cinco, os fardados alinhavam numa grande parada no Terreiro do Paço em Lisboa, e aí, os grados da ditadura, espetavam alfinetadas e prestavam homenagens.

No mesmo sítio do calendário, naquele tempo, os grados não tinham remorsos nem estavam arrependidos. Vinha-lhes o conforto das máximas do “botas” (pátria, família, deus, autoridade) ou outras tão conhecidas e baladas naquela época.

No mesmo sítio do calendário, naquele regime político que durou tempo demais, os peões não davam tréguas aos que estavam noutra guerra, a luta pela LIBERDADE. Os pides e a sua legião de bufos, guardas de honra do “botas”, perseguiam, prendiam e torturavam.

No mesmo sítio do calendário, e no mesmo Terreiro do Paço, muitas lágrimas caíram pelas faces dilaceradas pela dor da perda do ente querido embarcado para África para uma guerra que não queria, para uma guerra que não lhe pertencia.

No mesmo sítio do calendário, e na naquela mesma varanda do Terreiro do Paço, os grados da ditadura nunca tiveram remorsos nem nunca estiveram arrependidos.

Hoje, neste tempo contado em anos depois do nazareno, em dois mil e nove, no mesmo sítio do calendário, visitei a Fortaleza de Peniche. Uma das prisões mais importantes da pide e hoje transformada em museu da luta pela LIBERDADE.

SBF

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