TANTOS TEMPOS

O tempo que o tempo cobra pela juventude que fica, é muito caro para o nosso nível de felicidade. O vício de nivelar o “material”, e deixar sem fasquia o “imaterial”, deixa-nos sem margem para acreditarmos na nossa capacidade regenerativa – mesmo com elixir – da juventude!

Não são poucas vezes que passa o gigantesco ecrã com todas as imagens projetadas daquele tempo que o tempo guardou. A memória, no papel de ferramenta de arrumação, empresta-nos o real lembrado e, com a pitada certa de tempero no tempo, selecionamos e encaminhamos para a tela, os momentos, as coisas e as pessoas, pelos bons ou maus motivos. No que me toca, só escolho pelos bons motivos.

Voltando ao tempo guardado pelo tempo, também ele tem folga para aplicar a sua própria vontade, o seu livre arbítrio. Consegue sobrepor-se à memória, manipulando-a, e impondo o sentimento ou imagem que, no seu juízo temporal, são os meus preferidos e os que me fazem feliz.

Tantos tempos na minha juventude real foram bem escolhidos e eufóricos com a crença na eternidade do amor.

Os tempos davam sempre tempo para recuperar algum passo perdido mas, as passadas foram sendo cada vez maiores e, quando o tempo já não tinha tempo de recuperação, acreditei, finalmente, que a memória não tem limite e que, com ou sem elixir, a juventude pode permanecer até quando eu quiser.

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