A Lagoa

A passagem p’ra outra margem naquela época era sempre pela 25 de Abril. Eco da Liberdade conquistada contra reacções pidescas e cabeças emparedadas em valores retrógrados que, para nosso contentamento, iam sendo cada vez menos.

Todos os Verões, e de quando em vez ao longo do ano, lá íamos direitinhos pela Lagoa até ao “Príncipe Real” não de terreiro mas de restaurante e apoio completo durante toda a estadia, com tantas recordações. As noites cantadas à banda da Lagoa e em cima do Oceano, com petisco, baladas e namoradas quando. Manhãs dormidas com sol tão alto que quase desaparecia num céu brilhante de luz reflectida da nossa Lagoa de Albufeira.

Do areal, e quando de saudades ficava, espreitava o promontório da Roca muito deitado lá ao longe como dizendo que descansado podia estar, porque quando avistasse o penhasco da Pena, toda a Serra de Sintra tranquila dormia.

Amores e desilusões fizeram parte do encantamento, marés e humores naqueles dias abrasadores, cerveja e vinho verde com fogo crepitando num luar cíclico e vinho do Porto a quinze de Agosto.

O nosso tempo foi, mas a Lagoa de Albufeira é duma beleza singular.

3 comentários:

Anónimo disse...

É realmente de uma beleza singular, ou pelo menos era. Noa últimos anos temos observado que começa a existir algum desinteresse pela zona, ou pelo menos é isso que querem fazer crer, para afastar o povo.
Senão vejamos, todos os anos na sexta feira santa era dia de abertura da Lagoa, que permanecia aberta até ao final do verão. Isto deixou de se fazer, hoje faz-se esta operação quando lhes dá mais jeito, por norma lá para Maio ou Junho. DEpois fica um serviço tão bem feito que passo pouco tempo já está de novo fechada, mas como está próximo o verão, lá vêm de novo as máquinas. Estas já são uma presença constante nos verões da Lagoa. Verão sem máquina não é verão.
Enfim, o que se hà-de fazer, eles é que estudam devem aplicar o que aprenderam nas universidades, o pescador já não serve para nada.
Anteriormente eram os pescadores que se encarregavam da abertura da Lagoa, esses sim sabiam o que faziam.

Anónimo disse...

Ah é verdade, o Principe Real já era.
Caiu, depois de tantos a ameaçar ruir por a água da lagoa passar tão perto e levar a areia que o sustentava.
Estre inverno não aguentou e foi mesmo abaixo. Agora ficam apenas as recordações.

Anónimo disse...

O Princípe Real era o ponto de encontro preferido. A última vez que lá fui, já vão uns anos, a água já estava muito mais perto do que nos anos 70.

Assisti a algumas aberturas da Lagoa pela Páscoa e era uma festa à maneira.

O sítio era e continua a ser maravilhoso.

Naturalmente que do sítio posso sempre matar saudades, agora do tempo, das pessoas com quem convivi e que nunca mais vi, algumas são recordações tão intensas que parece que foi ontem, dessas pessoas é que só ficam mesmo as recordações, tal como do Princípe Real.

Obrigado Paula

Pelicano

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