Para oxigenar os neurónios e dar descanso à “onda” deprimente, resolvi, nestes últimos quarteirões de horas, viajar pelo Oriente da primeira metade do século XVI embarcando nas Naus Lusitanas por mares já navegados mas bem atestados de surpresas e ratoeiras impiedosas.
“Rosa do Oriente” de Manuel Arouca é um romance histórico baseado na vida de São Francisco Xavier. A ação deste missionário, iniciado jesuíta com Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus, transformou os oceanos do Oriente, em caminhos abertos e seguros para a evangelização.
As embarcações portuguesas cruzavam o Índico e o Pacífico ligando todas as terras existentes, fossem ilhas ou continentes. Desde a costa oriental africana, Ormuz, Malabar, Ceilão, Malaca e daí, mais para nordeste Japão e China ou para sudeste, a vasta Indonésia de hoje, Timor e a grande Austrália. Dezenas ou centenas de Naus ao mesmo tempo nas diversas rotas, muitas dezenas de fortalezas e feitorias instaladas, muito comércio, muitas coisas boas e também coisas más.
São Francisco Xavier, a partir de Goa, evangelizou por toda a costa do Malabar, Malaca e costa continental (hoje Malásia e Tailândia) e conseguiu ir até ao Japão. O projeto da China não foi concretizado em vida porque encontrou a morte muito perto de lá chegar.
O seu corpo incorruptível, exalando um perfume de rosas, regressou a Goa onde se encontra até hoje. Para os cerca de 10 anos, desde que embarcou na Nau Santiago no cais de Belém em Lisboa até à sua morte, são narrados inúmeros milagres protagonizados pelo missionário. A chegada aos altares como Santo foi pacífica e, na história Lusa, são muitos os relatos das suas andanças entre os pobres e os humildes. Fernão Mendes Pinto foi contemporâneo e muito dele contou.
Manuel Arouca é muito conhecido dos portugueses, principalmente por alguns sucessos televisivos mas, pelos anos 80, já vendia muitos livros.
A edição é da “Alêtheia Editores” em Janeiro de 2011
Silvestre Félix
(Imagem: Capa do Livro do site da editora)
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