O CABOUQUEIRO E A CIÊNCIA DA PEDRA

(Continuação – No tempo da ditadura, durante a Guerra Colonial)

Oh Caladinho, deixa lá o andante… já se faz tarde e os meus amigos devem estar admirados com a minha demora, na certa, contarão que chegue com um grão na asa… ou dois...

Espera Coutinho que és Bernardino. Passam tão poucos carros, que é uma pena a gente não os ver.

O barulho foi aumentando e, ao cimo já se via o andante.

Estás ver Coutinho que és Bernardino, uma “arrastadeira” de duas portas preta… Olha, afinal são dois, e o outro também é preto e é um Ford. Ummm! Estes dois pretos e a estas horas? Não cheira a boa coisa…

E os carros lá continuaram em direcção a Albarraque.

Quinta do Olival, virando à direita a seguir à Quinta de Stº António, pelo Sigamó, Abílio e Cipriano, chegados ao Rio das Sesmarias. Conversa certa, mesmo estando só o sítio, pois as chuvas ainda não vieram e, mesmo sequinho, o Amigo Rio das Sesmarias, não perdia a oportunidade para meter conversa.

Então Coutinho que és Bernardino, o nosso amigo Caladinho também vai aprender a ciência da pedra?

(Diz o Coutinho que é Bernardino) O Caladinho aprender a ciência da pedra? Não Amigo Rio das Sesmarias, a ciência do Caladinho é outra.

E de ajuntamento a três, dum momento para o outro, ficou a quatro, o que, naquele tempo, podia ser perigoso – Mais de três podia ser manifestação subversiva.

(Continua – Extraído do escrito “O Cabouqueiro e a Ciência da Pedra” de Silvestre Félix)

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