Desde ontem que se percebe, pela entrevista do MNE Luís Amaro ao Expresso, porque é que Portugal não reconheceu a independência do Kosovo a exemplo do que fizeram outros tantos 18 parceiros da EU.
O Governo Português, pela voz autorizada de Luís Amaro e que neste aspecto é coincidente com o que, sobre o mesmo assunto, pensa o Presidente da Republica, sempre achou que o reconhecimento da independência do Kosovo, tal como era apoiada pelos USA e pela maioria dos países da EU, poderia abrir um precedente muito perigoso em várias regiões do mundo, designadamente no Cáucaso, com a Rússia directamente envolvida.
A actual crise diplomática entre a Rússia e alguns países ocidentais, capitaneados pelos USA, é o resultado da soma duma série de atitudes provocatórias protagonizadas pela administração Bush, a saber: Visita de Bush ao Kosovo declarando apoio à independência ignorando os protestos da Rússia, começando aqui duma forma muito nítida um virar de costas entre as duas potências. Acordo com os Polacos e com o Presidente Checo, para a instalação de dispositivos anti-míssil que funcionou como a maior provocação do ocidente à Rússia desde o final da “guerra-fria”. Pelo meio houve alguns discursos, dum lado e doutro, relativamente ao alargamento da NATO a mais alguns países de fronteiras com a Rússia, que foram agravando a situação até ao desenvolvimento militar com o palco Geórgia.
É claro que nesta coisa da política, há sempre dois pesos e duas medidas para situações idênticas, variando conforme os interesses em jogo. Para a Rússia a independência do Kosovo ou da Tchechenia não são legítimas, mas, aparentemente com as mesmas razões, para a Ossétia do Sul, Abcásia, Nagorno-Karabakh, Transnístria ou Crimeia, a medida já é outra e, não só são legítimas, como até se apoia mesmo militarmente. Do lado dos USA é exactamente o inverso, embora aqui não tenham vergonha nenhuma de ter a iniciativa da provocação.
Na Geórgia, e deixemo-nos de coisas, quem atirou agora o primeiro tiro foi o exército Geórgiano. Os responsáveis do governo da Geórgia é que foram acordar uma situação, mais ou menos sossegada, com o ataque que fez à Ossétia do Sul. Foi esta atitude que provocou a reacção da Rússia que jogou aqui todo o seu peso e respeito na região e no mundo. A Rússia hoje não é mais aquele país debilitado após o final da URSS. Hoje é novamente uma verdadeira potência mundial económica e militar, a par da China ou dos USA e é assim que deve ser encarada.
A Europa precisa de recuperar a confiança da Rússia para que esta volte às parcerias, e por outro lado, condenar, se o tiver de fazer, as habituais provocações da administração Bush.
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