GEÓRGIA



Não há dúvida que a Rússia não pode, a coberto do que quer que seja, bombardear e invadir um País independente como é a Geórgia.

Em todo o caso convém não esquecer que a questão da Ossétia do Sul e da Abkházia, ficaram por resolver desde o fim da União Soviética, ou seja, no tempo da URSS estas duas regiões tinham um grau de autonomia grande em relação a Moscovo porque historicamente as duas Ossétias (Norte e Sul) eram dos Ossetas e na Abkházia sempre viveu o povo Abkhazi. Os lideres Soviéticos perceberam isso e, tratando-se esta zona dos Balcãs muito importante por ser rota prioritária da produção de petróleo a Oriente, foram mantendo este entendimento e, ao mesmo tempo, povoando as regiões de modo a que em pouco tempo a população fosse maioritariamente Russa. Esse objectivo foi conseguido e, aquando da independência da Geórgia que, administrativamente, reclamou o que entendia pertencer-lhe, surgiram os esperados conflitos. Por um lado os Ossetas e os Abkhasi, por outro os Russos que já eram mais que muitos, não aceitam a soberania da Geórgia e declaram mesmo as suas próprias independências, nunca reconhecidas internacionalmente.

Designados “Enclaves”, foram vivendo desde 1992 entre a Geórgia e a Rússia mas internacionalmente considerados em território da Geórgia.

Como nisto da política há sempre dois pesos e duas medidas, a Rússia actuou da maneira que todos sabemos, em relação à Tchechénia que por acaso também é na mesma zona, mas não admite que a Geórgia possa fazer o mesmo em relação à Ossétia e à Abkházia, por outro lado o governo da Geórgia, também deveria ter tentado resolver o problema dos enclaves doutra forma que não o recurso à guerra.

De salientar que a Rússia, independentemente da reacção militar pontual, também quis reafirmar o seu domínio na zona e, de certa forma avisa a Europa e os USA como actuará em situações deste tipo. Por outro lado a Geórgia é o grande aliado dos USA na zona.

No meio disto tudo as declarações do Bush, pressionando a Rússia para se retirar da Geórgia. Era bonito se a personagem tivesse alguma legitimidade para o fazer. Quem é que invadiu o Iraque com argumentos inexistentes? Quem nos últimos anos tem sido uma verdadeira ameaça militar em várias regiões do mundo? Quem fez do direito universal e do sagrado da independência dos Países e dos Povos, tábua rasa? Portanto o senhor que esteja quietinho, sossegadinho, caladinho e sentadinho até chegar o fim do seu mandato.

Vamos ver o que se vai passar nos próximos dias. Pode acabar tão depressa como começou, ou pode eternizar-se.

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