A 8 de Julho de 1497, fez agora 512 anos, Vasco da Gama e mais 170 homens, em 3 naus e um navio de mantimentos, a mando de D. Manuel I, saíram a barra do Tejo com destino à Índia. Desta vez era mesmo para chegar à verdadeira Índia.
É que, 5 anos antes, Cristóvão Colombo embarcou por conta dos Reis Católicos com destino à Índia, mas, em vez disso, chegou, ao que viria a chamar-se América. Na época, essas terras ficaram conhecidas por Índias Ocidentais. Daí os povos americanos passarem a ser conhecidos por Índios. Como hoje já se vai sabendo, tudo não passou de um acordo com D. João II de Portugal que, sabendo já da existência de terra firme em linha recta para ocidente, à partida da ilha de Santiago em Cabo Verde, pelas viagens arrojadas de Corte-Real e João Coelho. D. João II conseguia assim, jogar em dois tabuleiros. Alinhava nesta manobra de diversão e guardava o segredo q.b., como chegar à verdadeira Índia por mar, tendo como referência lendária o “Reino do Preste João” com o ponto de costa oriental de África, que tudo leva a querer, seria Melinde. Daqui até Calecute, era um pulo em linha recta. Por outro lado, mantinha o acordo com Colombo que, mais tarde ou mais cedo, havia de dar os seus frutos.
D. João II morreu. Tudo leva a crer que assassinado por envenenamento. Por causa do inesperado levou com ele muitos segredos. Sucedeu-lhe D. Manuel I e a empresa para descoberta do “caminho marítimo para a Índia”, continuou na ordem do dia. A sociedade portuguesa não estava unida sobre esta empreitada, porque já naquele tempo havia os velhos e velhas do Restelo. Mas os progressistas (à época) ganharam, e lá foi Vasco da Gama para a Índia. Até ao Cabo da Boa Esperança tudo já era conhecido, mas, daí para a frente, era tudo novo. A 14 de Abril de 1498 estavam em Melinde, na costa do actual Quénia, depois da subida desde a Baía de S. Brás na actual África do Sul, passando por Moçambique onde a armada se deteve muitos dias. Os povos locais eram amistosos, e Vasco da Gama teve ocasião de reparar e reorganizar a armada em estadias amigáveis, enquanto aguardava por ventos favoráveis. Quanto mais para cima, e principalmente depois da Ilha de Moçambique, os locais eram convertidos ao Islão e, em Mombaça, as coisas não correram lá muito bem.
Chegados a Melinde, e de lá saindo em 24 de Abril, navegando em linha recta para nordeste, em menos de um mês estavam a aportar a Calecute, na costa ocidental da Índia.
O grande negócio das cidades mediterrânicas de Veneza e Génova, estava, a partir de agora, desfeito. Lisboa passaria a ser a grande placa giratória do comércio das especiarias do oriente. Tudo passa por Lisboa. Os produtos que chegam e os que embarcam para o resto da Europa. Era a época de ouro de Portugal.
Infelizmente, alguns anos depois, empurrado por um capricho de paixão assolapada, D. Manuel fez a asneira que os de Castela e Aragão já haviam feito, expulsou os Judeus do reino. Era grande a importância que os Judeus tinham na organização da sociedade a todos os níveis, desde a organização dos serviços da própria coroa, as finanças, o comércio, as artes e os ofícios passando até pela preparação da emergente marinha real. Com a sua falta e sem alternativas, começou, a pouco e pouco, o declínio do País em muitas vertentes que, tenho a impressão, nunca mais recuperou.
Esta viagem iniciada neste dia 8 de Julho de há 512 anos, é que deu dimensão ao nosso império do oriente. Seria a partir da costa do Malabar que os navegadores e conquistadores portugueses, com destaque para Afonso de Albuquerque, o “Leão dos Mares da Ásia” como era conhecido, chegaram a centenas, senão milhares de ilhas da actual Indonésia e Tailândia, a Timor, à Austrália, a Macau na China, ao Japão, Malaca, actual Malásia, Ceilão actual Siry Lanka, todas as praças da península arábica do golfo pérsico e costa da Pérsia, toda a costa oriental de África incluindo Madagascar.
SBF
(Dicas: Afonso de Albuquerque de Geneviève Bouchon; O Segredo da Rainha Velha de Fina d'Armada e Wikipédia)
(Fotos: Em cima - Monumento descobrimentos em Belém, Lisboa; Ao meio - Desembarque de Vasco da Gama; Império Português século XVI. - Wikipédia)
Sem comentários:
Enviar um comentário