“Enquanto Salazar Dormia…”
– não se fez muita coisa que ele não
soubesse. O ditador tinha, por sua conta, muitos olhos e ouvidos que não
deixavam que se passasse nada sem que ele viesse a saber – obra de Domingos
Amaral, publicado a primeira vez em 2006, retrata bem o que era Portugal e, muito particularmente, Lisboa, durante a Segunda Guerra Mundial. À Capital portuguesa chegam refugiados aos
milhares. A cidade transforma-se, dum momento para o outro, no porto seguro de
Judeus, homens de dinheiro, atores e atrizes e, especialmente, os espiões mais
valiosos dos países beligerantes. De todos, a maioria passava por Lisboa que servia de ponto de trânsito
para viagens mais longas, quase sempre para o outro lado do Atlântico. Os espiões vieram e ficaram.
O livro de Domingos Amaral trata exatamente destes, dos espiões.
Salazar, para garantir que se sairia bem, independentemente de quem
ganhasse a guerra, tolerou estes ativos, mas, a dada altura pôs, descaradamente,
a PVDE a trabalhar para os serviços
secretos alemães. Mesmo assim, quando confrontado com os protestos ingleses,
teve sempre que ceder.
A narrativa é entusiasmante e
muito bem entrançada entre os interesses da espionagem e dos amores e desamores
do herói da história que, 50 anos depois e já muito velho regressa a Lisboa
para assistir ao casamento do neto, ouvinte predileto das suas aventuras.
Domingos Freitas do Amaral nasceu
em 1967 na cidade de Lisboa, é escritor, jornalista e diretor da revista GQ.
“Enquanto Salazar Dormia…”
foi publicado pela “Casa das Letras”
em 2006 e em 1ª edição da BIS (bolso)
em Julho de 2010.
(Gravura: Capa do Livro do site do autor)
(Gravura: Capa do Livro do site do autor)
Silvestre Félix
Sem comentários:
Enviar um comentário