Quando algumas vozes insuspeitas (??) declaram, sem vergonha, que os
portugueses têm vivido acima das suas possibilidades, dá vontade de os mandar
verem-se ao espelho.
Não foram “os portugueses”, quando muito, foram “alguns” portugueses que, no poder, aplicaram políticas governativas
que, como agora se vê, não deram bom resultado. De certo tudo foi feito com
boas intenções mas é preciso ter cuidado quando querem distribuir culpas pelos
10 milhões de cidadãos nacionais.
Todos nos lembramos como até há
bem pouco tempo os bancos nos bombardeavam com oferta de créditos a torto e
direita. Usando revolucionárias técnicas de “marketing”, os vendedores ao serviço da banca nacional e estrangeira,
durante décadas, impingiram aos portugueses todo o tipo de produtos cobertos por
créditos que, ao tempo, eram de regularização pacífica.
Quebrados todos os pressupostos rendimentos
que, em consequência da crise e desemprego que o mesmo capital criou, os, antes
digníssimos clientes, viram inconvenientes incumpridores quando não mesmo,
horrendos caloteiros.
Como é que, “altos dignitários da nação”, afirmam, sem se engasgarem e num tom
repreensivo, que os portugueses vão ter de se habituar a uma nova vida porque têm
andado a viver acima das suas possibilidades?
Dobradas reformas e subvenções vitalícias toleradas e
aprovadas pelos “próprios”, têm conservado
o bem-estar material da elite de “alguns
portugueses”, que, por coincidência, são os que nos têm governado nos
últimos trinta anos.
Silvestre Félix
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