S.O.S. ANGOLA - De Rita Garcia


Não há muito tempo que se aborda a questão da descolonização duma forma aberta, sem tabus. Independentemente das opções terem sido as melhores ou piores, adequadas ou desadequadas, em proporção ou desproporcionadas, foram as que foram e passaram à história.

Neste mês de Setembro, apareceu nos escaparates mais um livro sobre esta temática de Rita Garcia que, começou na escrita, pela via do jornalismo em 2000. O livro “S.O.S. Angola – Os dias da ponte aérea” tem timbrado essa vertente da profissão da autora. É um excelente trabalho e os testemunhos relatados ilustram uma dura realidade que atingiu muitos milhares de compatriotas. 

Já antes, noutros escritos, tenho reconhecido quanto é importante para a minha geração “beber” e sentir o outro lado da descolonização. Eu, militar em 1975, também fui dos milhares que gritaram nas ruas de Lisboa: “Nem mais um soldado p’ras Colónias!”; “nem mais um soldado p’ra Guerra!”; Nem mais um soldado p’ra Angola!”, numa altura em que, do outro lado, lá nas Colónias, os civis portugueses, muitos nascidos já em África, ficaram sozinhos com a história contra eles e, a única alternativa, em desespero, foi conseguirem lugar nas centenas de voos com destino a Lisboa deixando tudo para trás na maior parte dos casos e viajando só com a roupa que tinham vestida.

A autora destaca o trabalho de alguns portugueses que, contra tudo e todos, conseguiram pôr a “ponte aérea” a funcionar e, assim, transportar desde Angola até Lisboa em menos de dois meses, cerca de 200 mil pessoas. Nunca antes tinha acontecido uma coisa assim. Ao todo, durante cerca de seis meses, chegaram a Portugal, vindos de todas as (ainda) Colónias, cerca de 600 mil portugueses que, com alguma carga pejorativa, ficaram conhecidos por “Retornados”.

Rita Garcia nasceu em Lisboa em 1979, jornalista desde 2000 com vários prémios nessa área e repórter da “Sábado” desde 2005.

É uma edição da “Oficina do Livro” com a 1ª neste Setembro de 2011.

Silvestre Félix

(Gravura: Capa do livro do site da editora)

Sem comentários:

NÃO FOI POR ESQUECIMENTO

  NÃO FOI POR ESQUECIMENTO Não foi por “esquecimento” que ao longo de 49 anos, a Assembleia da República nunca reuniu solenemente para ass...