O SUL COM TEMPERO!

Entre a “Fúria das Vinhas” de Francisco Moita Flores, “Enquanto Salazar Dormia” de Domingos Amaral, “Ilha Teresa” de Richard Zimler e “Jerusalém” de Gonçalo M. Tavares, vou ziguezagueando pelos caminhos que as narrativas dos diferentes autores percorrem. Nunca os tenho – os livros – no mesmo sítio, é como se; para cada hora ou para cada momento caseiro, sentisse desejo de interagir com esta ou aquela personagem ou com necessidade de desenrolar o novelo de uma das histórias.


Estes tempos, vazios de substância, precisam de ser compensados de maneira a não nos deixarmos vergar com o peso deprimente dos noticiários televisivos e parangonas dos jornais de “referência”. Todos os elementos devem entrar na dose certa para que, na altura de os calibrar – os tempos – os valores saiam mais ou menos bem.


A criação pela escrita transmite o pensamento e a imaginação de quem o faz. O leitor tem toda a liberdade de se misturar ou encarnar qualquer figurante literário: A D. Antónia na luta contra a filoxera que destruía as vinhas do Douro e o seu afilhado Vespúcio na perseguição do misterioso assassino, o Jack Gil Mascarenhas à caça dos espiões nazis que surgiam como cogumelos por todo o País, a jovem Teresa que, em Nova Iorque, perdendo o Pai se sente perdida e a esquizofrénica Mina passando pela complicada vida entre o manicómio e o grande amor da sua existência.


Os meus dias pelas Terras do Sul são enriquecidos com afago do Sol, com as batidas da maré, às vezes com o Suão que sopra e, como cereja no cimo do bolo, o sabor do peixinho que o Chico, a cada refeição, me põe na mesa. Não se pense que não acontece o inesperado, faz parte do tempero e, neste caso, tem sabor a amizade de infância e juventude. Aquele “rizotto” do Zé Barros não é para todos, é outra música…


Toda esta “riqueza”é complementada pelos capítulos de leitura e escrita que me vão ajudando a respirar as coisas boas da vida. Isto, porque das más, embora avisado, não me queixo nem me lembro.


Silvestre Félix

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