Repasso pelos mandatos de Jorge Sampaio, Mário Soares e Ramalho Eanes e mesmo Spínola e Costa Gomes, e não consigo lembrar-me de um “pronunciamento” presidencial tão mau, tão desestabilizador, tão fora do contexto, tão provocador, como ao que assistimos ontem.
Independentemente do sentido do meu voto, habituei-me, como decerto a maioria dos portugueses, a ver na instituição, Presidência da Republica, o símbolo máximo da nossa segurança democrática. A nível político pode haver períodos mais agitados, na Assembleia “esgatanham-se” todos, mas, no topo, zelando pelo cumprimento da nossa Constituição, e garante da nossa democracia, lá está o Presidente da Republica, assim como se fosse um porto de abrigo.
Até ontem, foi assim!
Numa altura, em que o principal papel dum Presidente da República, seria procurar estabilidade, mediar, fazer “pontes”, criar consensos, enfim, estabelecer condições para que os reais interesses do País fossem defendidos por todos os intervenientes, em vez disso, atira com um barril bem cheio de gasolina, para a fogueira. Ainda se tivesse razão, criticável, mas, compreensível. Mas não, nem isso, o senhor trocou tudo, acusou quem lhe apeteceu, e ignorou afinal o início de tudo; a notícia do “publico” em 18 e 19 de Agosto, “denunciando” haver escutas em Belém, a mando do Governo.
Ontem, Cavaco Silva, prestou um mau serviço ao País. Penso que iniciou a caminhada para não voltar a ser eleito, por mim, não é de certeza.
É sintomático verificar que, mesmo aqueles analistas e comentadores, habitualmente acríticos em relação ao Presidente, ontem, não lhe perdoaram.
Já hoje o Primeiro – Ministro fez uma curta declaração sobre o assunto. Remeteu para o comunicado do PS de ontem, e disse aos jornalistas não querer voltar a falar do assunto, ou seja, está a tentar “pôr água na fervura” como compete a um cidadão responsável.
SBF
Sem comentários:
Enviar um comentário