PRATELEIRA DE LIVROS



O ÚLTIMO CABALISTA DE LISBOA
De Richard Zimler

Descobri Richard Zimler com a leitura de “O Último Cabalista de Lisboa”. Foi o primeiro romance deste Luso-Americano publicado em 1996 pela “Quetzal”.

Já tenho na mão o último que o escritor escreveu, e que foi colocado à venda a semana passada; “Os Anagramas de Varsóvia”, uma história passada no gueto judaico daquela cidade no Outono de 1940. Quatrocentos mil Judeus que os nazis humilharam, maltrataram, torturaram e mataram.

A leitura deste está a seguir, mas agora, quero falar do “Último Cabalista de Lisboa”. É um romance que testemunha porventura, o maior erro que o Estado português cometeu ao longo de toda a história Lusa – A perseguição e expulsão dos Judeus do Reino de Portugal por ordem de D. Manuel I. Ao mesmo tempo, as agruras dos que ficaram e que foram forçados a converterem-se ao cristianismo, passando a serem conhecidos por cristãos – novos. O erro que refiro, não tem nada a ver com religião, mas sim, com a mais – valia que os Judeus representavam para a sociedade portuguesa da época. Foi uma perda irreparável, provavelmente até hoje. Eles eram: Comerciantes, artesãos, banqueiros, médicos, farmacêuticos, cientistas, professores, advogados, juízes, enfim, tudo o que tinha a ver com desenvolvimento, modernidade e organização.

O mesmo já tinha sucedido do outro lado da fronteira, em Castela, D. João II tinha aguentado a pressão, mas, D. Manuel I, “Embeiçado” pela Castelhana princesa “carrancuda”, Isabel da Paz, que só viria para Portugal, consumar o casamento com o Rei, depois dos Judeus serem todos expulsos do Reino. O Rei assim fez. Contra a opinião de toda a gente, incluindo da notável D. Leonor, sua irmã e viúva de D. João II e de sua Mãe D. Beatriz, cumpriu os caprichos de Isabel da Paz.

Bom, mas isto é outra história, voltemos ao nosso romance que centra a carga trágica nos acontecimentos de Abril de 1506. Nessa altura, durante as celebrações da Páscoa em Lisboa, foram assassinados 2000 cristãos – novos e os corpos queimados no Rossio.

A leitura deste romance, fez-me entender muito da história contemporânea do nosso País.

Quando forem comprar o último romance do Richard Zimler, procurem o “Último Cabalista de Lisboa”.

Richard nasceu em Nova York no ano de 1956, veio viver para o Porto em 1990 onde é professor da Universidade do Porto. Actualmente tem duplo nacionalidade (Americana e Portuguesa).

SBF

(Gravura: Capa do Livro)

Sem comentários:

NUM DESTES DIAS

Anti - democracia  net de Wilson Ferrer Um dia, passados para lá de cinquenta e cinco, em anos contados, no tempo duma senhora que era outra...