JANELA DO TERCEIRO ANDAR



Daquela Janela do terceiro andar, via as silhuetas e os passos apressados. Iam e vinham do comboio conforme o relógio da “Ribeira das Naus” marcava. Daquela janela, sentia a vida, sentia a felicidade, sentia a tristeza, sentia a ansiedade do princípio dos anos setenta, sentia a chegada do fim da ditadura.

Daquela janela do terceiro andar, conseguia ver as entradas e saídas do “Bragança”, porta do lado já escolhida pelo Eça, pelo Bulhão Pato e por outros das andanças romanescas do ido século IXX. Daquela janela, até via a outra paralela, da do Alecrim, a das Flores, que também o Eça tinha escolhido para palco da “tragédia”, só chegada aos escaparates por este nosso tempo e lido com avareza e entusiasmo. Do terceiro andar, todos os dias via o brilho do sol que me carregava de sonhos e esperança.

Daquela janela do terceiro andar, o tempo, contado em alguns anos, levava a juventude para a verdade dura da vida. Naquela janela, vi, ouvi e pensei o bom e o mau, o feliz e o infeliz, o amor e a indiferença, o trabalho e o lazer, o bonito e feio.

No terceiro andar, aquela janela, foi a grande encruzilhada da vida!

SBF
(Foto: Praça Duque da Terceira em Lisboa - Wikipédia)

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