PRATELEIRA DE LIVROS



Angola, Terra Prometida
De Ana Sofia Fonseca

Como se diz na contra – capa do livro, a autora,

“traça o retrato destes anos dourados. Através de testemunhos e de uma pesquisa exaustiva leva-nos aos bairros de Luanda, ao mato e às praias. Ao dia-a-dia dos portugueses, aos seus usos e costumes. Em suma redesenha os contornos de uma terra que já só existe nas recordações de quem a viveu. Um livro de memórias, histórias e emoções. De saudade.”

Os da minha geração, têm o dever de compreender a descolonização portuguesa numa perspectiva diferente, daquela a que assistimos e interpretamos nos idos 1974/75. Era tempo do PREC, e os militares na “metrópole”, como eu, que gritavam nos quartéis, nas ruas, nos comícios, em toda a parte; “Nem mais um soldado para as colónias”, não estavam errados, sabiam só, uma parte da verdade. Aquela parte que muitos tinham combatido e continuavam a combater – o fascismo e tudo o que cheirasse a salazarento.

A outra parte da verdade, estava na alma de todas as famílias portuguesas que viviam e trabalhavam honestamente nas colónias. Essas, que dum dia para o outro, tiveram que deixar toda uma vida para trás e fugir como se fossem criminosos, essas, é que tinham a outra verdade que nós, aqui e em 1975, desconhecíamos.

É esta parte da verdade que temos a obrigação de compreender. Eu, por mim, estou a fazer por isso. A distância histórica, e o conhecimento que fui adquirindo através da leitura e pelas temporadas que passei, durante 20 anos, principalmente em Angola e Moçambique, deu para entender este outro lado da descolonização portuguesa.

Este trabalho da Ana Sofia Fonseca, ajuda muito a perceber esta outra verdade.
A Ana Sofia é jornalista “freelancer”, tendo trabalhado para vários órgãos de comunicação social, actualmente publica no Expresso, na Sábado e na Egoísta e colabora com a SIC. Tem trabalhos distinguidos pela AMI – Jornalismo Contra a Indiferença.

Edição da “Esfera dos Livros” em Abril de 2009.

SBF

(Gravura: Capa do Livro
)

Sem comentários:

PORQUE NÃO SE CALAM?

PORQUE NÃO SE CALAM? São praticamente os mesmos, que há menos de dois meses, bradavam “aos céus” por medidas mais restritivas, fortes e ...