PÓLIPOS

No calor do seu ninho quentinho e resguardado, feito de tripa – mucosa de animal homem/mulher, neste tempo de banalidades formalmente repetidas sempre pelos mesmos protagonistas, diz um “pólipo” para o outro “pólipo”:

Primeiro pólipo: Ai mano! Viste o espectáculo daquela luz na ponta da sonda endoscópica?

Segundo pólipo: Vi mano. É um espectáculo, só que da próxima vez também deve vir a “tesoura” e… lá vamos nós.

Primeiro pólipo: O quê, a “tesoura”? E não nos podemos esconder? Não podemos resistir ao “corte”?

Segundo pólipo: Se vierem depressa não podemos fazer nada. Agora, se nos deixarem fortalecer durante mais uns tempos, já vamos ter condições para aguentar o ataque.

Primeiro pólipo: Então, vamos convocar os “manos” todos para nos unirmos e lutarmos contra a “tesoura”.

Neste tempo em que discursam, e desmentem, e repetem, e se afirmam com a única verdade, e jogam com as palavras de vento em rajada forte, para que o compromisso, em tempo “santificado”, rapidamente passe à história, e para que a culpa seja do outro, e jogam com a cintura larga dos almoços e jantares da campanha eleitoral eterna,

e os pólipos na tripa – mucosa do animal homem/mulher português(a), assobiam para o lado, esfregam-se de contentes, e preparam-se para resistir e contra-atacar como se fossem os verdadeiros cavaleiros do apocalipse,

e, digo eu, estou a reunir todas as forças com a experiência doutras batalhas anteriores e a estratégia está montada. Pelo meio, em força, avança a infantaria da "minha vontade" e pelos flancos, fortes como paredes de betão, avança a cavalaria da "vida". Com estas forças no terreno, não há pólipo que resista e, mais uma vez, vamos vencê-los!

SBF

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