1º DE MAIO


1º DE MAIO DE 1974

As comemorações do 1º de Maio de 1974 foram decisivas para a consolidação das acções levadas a cabo na madrugada de 25 de Abril, e nas horas que se seguiram. Foi neste dia 1 de Maio de 1974, que se sentiu verdadeiramente a libertação.

Naquele mar de gente, comecei a tomar consciência de que a PIDE, de facto, já não era.

Admiti, finalmente, que a guerra colonial acabaria a tempo de eu não ter que participar nela.

Acreditei que o espírito vivido naquele dia, seria a via a seguir no meu País, e que o slogan, “O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO”, ia ser, como um carimbo da nossa liberdade.

35 ANOS DEPOIS

Somos um País da Europa do século XXI, em que, o que me afligia em 1974, hoje, passou literalmente à história, mas, “O POVO NÃO ESTÁ UNIDO”.

Somos uma democracia ocidental (mais partidocracia) liberal, com esta última parte em decadência, em que o Estado se encontra completamente vergado aos interesses das organizações partidárias.

As notícias deste 1º de Maio deveriam ser sobre os festejos do dia do Trabalhador, mas não, eles encarregaram-se de fornecer matéria para os “média” gastarem todo o tempo falando e escrevendo sobre a passagem de Vital Moreira pela manifestação da CGTP.

Quem teve a responsabilidade da constituição da delegação oficial do PS à manifestação, foi o PS, e ninguém pode pôr isso em causa. É claro que ao levarem o cabeça de lista do PS às europeias, sabendo de antemão que, parte considerável dos manifestantes, são do PC, os dirigentes do PS, não estariam à espera que o Dr. Vital Moreira tivesse uma passadeira vermelha à sua espera. Estamos pois, perante uma lógica partidária, onde vale arriscar tudo, em troca de uma boa visibilidade nos “média” durante vários dias.

Por outro lado, os autores dos insultos, ao “vomitarem” o seu veneno, não souberam cumprir os mais básicos deveres de cidadania, ou seja, respeitar o outro mesmo que seja adversário.

O dirigente máximo da CGTP, demorou demasiado tempo a pedir desculpas. Deveria tê-lo feito de imediato. Não é assim que se trata um convidado, para além de que, com a demora nas desculpas, foi até, “politicamente” incorrecto.

As declarações do porta-voz do PS, foram “pior a emenda que o soneto”. Inchou a questão, falou de ódio colectivo, e quem, ouvindo-o, não soubesse a que se referia, pensaria que estávamos perante uma guerra civil.

Todos os partidos condenaram, duma forma clara, os acontecimentos, menos o PC. Também o deveria ter feito. Neste caso, como aconteceu com o SG da CGTP, foram politicamente incorrectos, ou seja, ganharam antipatias e não simpatias como é normal.

Esperamos que a moda não pegue, e que cada um vá às manifestações onde encaixa, porque o direito de tendência é para ser usado em toda a sua plenitude. Se não fosse assim, não havia duas manifestações diferentes.

SBF
(Foto: 1º de Maio 1974 Eduardo Gageiro)

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