PRIVATIZAÇÃO DA RTP?

A privatização da RTP ou, pelo menos, de um canal, foi assumida por esta liderança do PSD desde o seu início e na campanha para as legislativas de 5 de Junho.
Ganhas as eleições, o PSD defrontou-se com as habituais contradições e cobranças de clientelas. Com poder no partido, há quem não tenha interesse na existência de mais um canal privado e, aparentemente, este lobby teve força suficiente para fazer “engonhar” o objetivo inicial – a privatização de facto.
Então, o ministro da tutela deu a conhecer a intenção da criação dum “grupo de trabalho” para definir o “serviço público”, abrangendo as empresas de comunicação estatais – a RTP, RDP, Lusa e ANP.
Apanhando a boleia do PSD em campanha, da necessidade de envolvimento da sociedade civil (independentes dos partidos) nas instituições, a ponto de criar o lamentável episódio do primeiro candidato a Presidente da Assembleia da República, até se percebia que este “grupo de trabalho” fosse composto por pessoas que representassem a abrangência da nossa sociedade.
Pois bem, depois de conhecidos os nomes dessa “comissão”, podemos concluir que o Governo optou por entregar a responsabilidade de definir uma conceção tão subjetiva, a cidadãos (pelo menos os mais conhecidos) com muitos méritos para as audiências que os escolhem, mas que, de independentes na verdadeira aceção da palavra, nada têm, antes pelo contrário, e, ainda por cima, alguns têm protagonizado situações polémicas envolvendo setores respeitáveis da sociedade portuguesa.
Se a intenção é validar a definição que vier a ser criada só para durar a governação afeta à coligação, tudo bem. Sim, porque com esta composição, conservadora e retrógrada do mais que há, é praticamente certo que o resultado não irá agradar a nenhum partido da oposição nem a largas camadas de outros portugueses progressistas e independentes e, por isso, quando daqui a uns anos estiver em São Bento um Primeiro-Ministro que não seja do PSD nem do CDS, lá voltamos nós à primeira forma, aliás, como vem sendo costume.


A composição dos governos muda mas os métodos mantêm-se!


Silvestre Félix

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