Pela vidraça da ampla sala do meu apartamento no oitavo andar na cidade de Maputo, conseguia ver uma parte considerável da parte mais baixa em direcção à baía.
Naquele princípio de noite o espectáculo era deslumbrante: Misturados com o ribombar dos trovões, os raios e faíscas cruzavam o meu ângulo de visão como se as vidraças da minha sala fossem um ecran de plateia completa em noite de estreia num dos cinemas daquela Capital Africana maravilhosa. O cheiro a enxofre invade o ar roubando o doce aroma das acácias bem plantadas nas ruas e avenidas perpendiculares e paralelas, que seguem sempre, sempre sem nunca parar antes de chegar à Julius Nyerere.
A esplanada do Piri - Piri à volta da cerveja de copo com camarão e o frango à Piri – Piri é único. Não quero mais estatuetas, são muitas e cada uma mais bonita, e depois como é difícil tomar a decisão. Mas frango de crescer água na boca em Marracuene com o Incomati lá em baixo com pressa de chegar à Baía na borda da Costa do Sol que é a costa e as praias mas também sítio de romaria gastronómica do Grego que serve camarões diferentes de todos os outros sítios.
“Carreguei camarão fresco no porta – bagagem” O quê ? quanto ? “dois quilo patrão” Por favor não me chames patrão que eu não sou teu patrão, só sou dos empregados que tenho lá em casa. “Más tu paga sempre pa lava o teu carro, po isso é patrão, e bom que paga bem” Ok, então quanto são os camarões? “ vinte pau patrão” Está bem, toma lá vinte e cinco!
Samora Machel fala, dança e canta, sempre em três ou quatro dialectos locais. A praça fronteira ao Palácio do Conselho Executivo da Cidade estava repleta de Moçambicanos e outros, como eu. Papai Samora falou, falou, era manhã e depois já era de tarde e em casa, onde já estava, ainda ouvia no rádio de pilhas o discurso infindável de Samora. Eles não arredavam e era Papai Samora.
“O avião que transportava o Presidente de Moçambique Samora Machel que regressava a Maputo, despenhou-se perto da fronteira com a África do Sul. Corre a notícia que o Presidente e outros membros do Governo que o acompanhavam, morreram neste desastre”. Sete horas da manhã em Portugal e acordei com a notícia. Queria ter estado em Moçambique neste dia. Os meus Amigos Moçambicanos estavam lá e sofreram.
A Vida continuou!
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