“Não tires o boné que o sol já está quente!” Dizia a minha Mãe enquanto os meus pequenos passos venciam a caminhada nas primeiras horas daquela manhã. Na Av Conde de Sucena em S. Pedro a Lenda dos Dois Irmãos à esquerda, naquela época era assim e as perguntas que eu fazia como outros putos de sete ou oito anos. E a minha Mãe contava a história. Fim de Verão e os ouriços das castanhas como tapete verde que eu pegava e tentava esventra-los.
A Prima florista no Fetal e logo subindo para descer até à Vila. A minha Mãe aprendeu a ler ali pelos idos 1920/21 com as freiras antes de se curvar para a fonte da sabuga. Encanto da Vila, e pára e cumprimenta e fala outra vez e conhece mais e o hospital com as escadinhas sitio do nascimento da minha Mãe, mesmo ali naquela porta. Anda, vamos que agora é um instante. E eu ia caminhando sempre pela sua mão de frente para o Central e á direita da Piriquita e lá mais à frente pela direita a Quinta do Roma e se descesse a Quinta da Cabeça de más lembranças da minha Mãe que trabalhou e a fruta e o meu Avô, más lembranças. Agora sempre subindo pelo Palácio do milhões, agora Regaleira, Seteais com história da lenda das sete mulheres presas na parede e que gritaram até morrer. A minha Mãe contava e eu perguntava sempre até à bica na esquerda depois do arco com o caminho para a Tapada à vista.
O caminho de terra batida levava-nos à casa da Serra. O cheio intenso a café de cafeteira e pão fresco. A minha Avó, a minha Tia, os cães e gatos e patos e galinhas, a água fresca a correr e as Camélias, muitas Camélias por todo o lado. O fumo permanente que saía da chaminé e lá dentro o fogão a lenha com aqueles dourados brilhantes. A mesa enorme para quinze lugares e a minha Avó lá estava sempre alegre e bem disposta. Verde e todas as cores.
Oh Mãe vamos à Serra?? Sim Filho vamos! E eu ficava muito feliz, era assim uma felicidade sem fim… Naquela casa, a natureza, a beleza da nossa Serra.
2 comentários:
E sa sardinhas? Lá até eu gosto!
Lá, ainda hoje é tudo bom!
Pelicano
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