O preço dos alimentos não pára de aumentar em todo o mundo. As causas mais apontadas são a subida da procura por parte de alguns países emergentes, principalmente da Índia e da China, sem que haja uma variação correspondente na oferta e, ao invés, quebras na produção de cereais em geral, consequência de algumas catástrofes naturais como os incêndios na Rússia, seca, incêndios e inundações na Austrália e também inundações na Ibero-América e nalguns estados dos USA. Também como causa de alguma volatilidade nestes mercados, está o fato de muitos investidores, a partir da crise de 2008, se terem voltado para o mercado das matérias-primas, provocando saídas avultadas de capital no circuito dos alimentos.
A UE tem tardado, como em tantas outras coisas, em reagir com firmeza à situação. Há algumas semanas, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que dá indicações à Comissão Europeia para aumentar o investimento na agricultura. Realça a urgência de medidas e lembra que na UE ainda existem 79 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza.
Com a gasolina cara, ainda se pode deixar o carro à porta, agora, sem dinheiro para comprar comida, a coisa pode aquecer. Os dirigentes europeus que se cuidem. O que se passa no Norte de África e Médio-Oriente pode funcionar como aviso.
No entanto, alguns Países da união, já estão a responder ao problema com a implementação de programas de emergência, recuperando o conceito de sector estratégico para a agricultura. Em Portugal, não parece que alguma coisa esteja a ser feita. Perante este problema que é global, no nosso caso ele é duplamente grave. Para além da questão do preço, connosco há um outro grande problema, a balança comercial. Em 2010 Portugal exportou cerca de 3,28 mil milhões de euros de produtos alimentares de origem agrícola, tendo importado 6,26 mil milhões de euros, praticamente o dobro. É urgente que o Estado encare esta questão dos alimentos como prioridade absoluta. Os nossos agricultores e aspirantes a isso, têm de ser incentivados a produzir.
Provavelmente vamos ter que ressuscitar as nossas hortas, os campos do Alentejo vão ter que voltar às searas de trigo, e o Minho, ao milho rei!
Silvestre Félix
(Dicas: Diário de Notícias)
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