A vida de D. Maria Adelaide de Bragança testemunhada aqui por Raquel Ochoa, ilustra bem de que “massa” algumas pessoas são “feitas”.A obra, rapidamente “absorvida” por mais de um leitor cá em casa, está muito bem construída e faz jus ao gosto que tive quando li outras coisas da autora.
A par da vida desta Senhora que, se fosse esse o caso, inspiraria muitos romances e filmes, conta-nos Raquel, um lado da nossa história que normalmente não conhecemos. É sempre assim que acontece, «só dos vencedores reza a história». Independentemente do que esteve certo ou errado, tudo passou no tempo e devia também ter passado à história. Os intervenientes dum lado e do outro tiveram vidas, foram patriotas dos “quatro costados” e, neste livro, fica bem demonstrado que se revelaram grandes figuras de quem nos podemos orgulhar e prestar-lhes todas as homenagens.
Raquel Ochoa dá-nos vários “quadros” da grandeza da “Infanta” ao longo da vida, bem patenteada na sua participação “resistente” anti-nazi durante a ocupação fascista de Viena sofrendo prisões e torturas e, depois, já em Portugal, com a criação e manutenção da “Fundação D. Nuno Álvares Pereira” até ao final dos anos setenta.
A forma como D. Maria Adelaide “recebe” um assaltante nocturno em sua casa, é lição intemporal e universal. Só “grandes” pessoas têm este grau de humanismo!
Raquel Ochoa nasceu em 1980, em Lisboa. Tem viajado bastante aproveitando a descoberta e aprendizagem para a sua escrita. Em 2009 ganhou o Prémio Literário Revelação Augustina Bessa-Luís, com o (grande) romance “A Casa-Comboio” que percorre quatro gerações da mesma família indo-portuguesa e que me deu muito prazer ler.
A edição é da “Oficina do Livro” e a 1ª de Junho de 2011.
Silvestre Félix
(Gravura: Capa do livro digitalizada)
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