ALCÁCER QUIBIR


Há a tendência para glorificarmos os feitos históricos em que, sendo vencedores, acrescentamos mais qualquer coisa ao nosso ego e tomamos consciência da importância que a nossa acção teve pelo mundo fora, desde o século XIV.

Em todo o caso, também tivemos as nossas derrotas que fazem parte igualmente da nossa história, e, por isso, devem ser recordadas para que se tirem os devidos ensinamentos. Quem tudo quer, tudo perde! Foi isto que aconteceu com o desafio que D. Sebastião resolveu fazer aos Reis de Marrocos.

No dia 4 de Agosto de 1578, fez agora 432 anos, perto de Alcácer Quibir no reino de Marrocos, travou-se a batalha dos três reis. Em Marrocos é assim que a batalha é designada em virtude da participação dos três reis; D. Sebastião de Portugal, Mohammed Saadi II e Mulei Moluco de Marrocos.

D. Sebastião, responsável pelo “desastre”, teve um início de vida complicado. Começou por nascer depois da morte do seu próprio pai, D. João Manuel. É que, D. João III, avô de D. Sebastião, teve 11 filhos entre bastardos e legítimos, e todos morreram, sendo D. João Manuel, o último. Quando o óbito aconteceu, D. Joana já tinha D. Sebastião no ventre, que, naquela altura, era a única garantia de continuidade da independência de Portugal face a Castela, daí, o cognome de “O Desejado”.

Os factos históricos, rezam que, dos cerca de 20.000 homens de que era composto o exército português, pelo menos 8.000 caíram na batalha e os restantes ficaram prisioneiros. Muita gente com importância na sociedade portuguesa daquela época, desapareceu dum dia para o outro, levada por um capricho dum menino mimado que deitou tudo a perder.

Alcácer Quibir, como ficou conhecida a batalha para os portugueses, acabou definitivamente com a nossa capacidade de desenvolvimento e mergulhou-nos numa depressão colectiva que dura até hoje.

Ainda há quem sonhe ver, numa manhã de nevoeiro e no dorso dum cavalo branco, a chegada de “D. Sebastião” que virá livrar-nos de todos os males. Como toda a gente sabe, o homem, pura e simplesmente desapareceu naquela dita batalha, ficando sempre a dúvida se morreu, se foi feito prisioneiro ou se fugiu. Portanto, quem ainda espera pela vinda do D. Sebastião, bem o pode fazer sentado ou deitado, porque, se vier… vai demorar muito tempo.

SBF

Dicas: “O Desejado” de Aydano Roriz – Gravura: Wikipédia

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