JOSÉ MANUEL TENGARRINHA


Em 1969, embora a ditadura ainda caminhasse, respirava-se alguma esperança no futuro com a prometida “primavera marcelista”. Na verdade, a tão desejada “estação florida” nunca chegou e a luta continuou.

Neste ido ano do século passado foi tempo de (disfarçadas) eleições para a Assembleia Nacional, como na altura se chamava o Parlamento e, procurando bem, lá se encontrava um ou outro cartaz da CDE-Comissão Democrática Eleitoral, concorrente da oposição democrática que agrupava comunistas, socialistas e outros democratas de esquerda.

A CDE ou o MDP/CDE como se chamou depois do 25 de Abril teve como Líder o “obreiro de consensos” José Manuel Tengarrinha. No último sábado, comemorando os seus 80 anos de idade, juntaram-se a ele antigos correligionários e muitos amigos. A comunicação social destacou alguns nomes mais conhecidos e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, entregou a Tengarrinha uma das mais importantes condecorações do município da cidade capital.

O grande “pecado” de José Manuel Tengarrinha foi ser (ainda é) um acérrimo defensor de consensos. Nos tempos mais “produtivos” da nossa democracia, foi sempre mais importante defender posições políticas inflexíveis do que procurar pontes de entendimento no interesse do povo português. Daí o seu afastamento da política ativa.
 
Tengarrinha, nunca se encaixaria no jogo político das últimas décadas. Seria como um “peixe fora de água”.

Feliz aniversário para o grande José Manuel Tengarrinha.

Silvestre Félix

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