
“As portas que Abril abriu” não mais se fechariam, os patrões e os empregados haveriam de se abraçar, o general e o soldado haveriam de comer à mesma mesa, o capitalismo e o estado social haveriam de estar juntos na recuperação económica, o político e o normal cidadão haveriam de vestir a mesma camisola.
Portugal levaria a lição ao mundo, e seriamos o povo mais feliz do universo.
A história cumpriu o seu dever e rezou, mas… Como é possível, tanto tempo contado em anos desde a revolução dos cravos, que se descubram inúmeras “portas” que, ou nunca chegaram a ser abertas, ou, depois de abertas, voltaram a fechar-se?
O Artigo primeiro da nossa Constituição diz assim:
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
Será que estamos a falar do mesmo País?

Sousa e Castro faz um relato factual dos acontecimentos, desde a criação do Movimento dos Capitães em meados de 1973, até ao rescaldo do 25 de Novembro extensivo à revisão Constitucional de 1982, altura em que acaba o Conselho de Revolução.
À medida que dá conta das ações em que interveio ou que conheceu, faz a sua interpretação objetiva e subjetiva, e acompanha com documentos.
O Capitão (à época) Sousa e Castro, fez parte do Grupo dos Nove, que, em pleno Verão Quente de 1975, se uniu em volta dum projeto moderado – Não alinhados com o Partido Comunista nem com a extrema-esquerda, e advogando respeito pelo resultado eleitoral de 25 de Abril de 1975 para a Assembleia Constituinte. Embora simpatizando com a ideia de “socialismo democrático”, nunca quiseram (enquanto grupo ou movimento) confundir-se com o Partido Socialista, antes pelo contrário, as relações com a direcção do PS, nem sempre foram calmas.
O Movimento dos Nove, que o autor (e a história) considera vencedor em 25 de Novembro, viria a ter dificuldade em travar a cavalgada de alguns setores militares conservadores que nunca foram entusiastas do que aconteceu em 25 de Abril. Sousa e Castro, Vasco Lourenço, Melo Antunes, Ramalho Eanes, Franco Charais, Pezarat Correia e principalmente o Presidente da República, General Costa Gomes e ainda outros defensores da mesma linha, foram decisivos para cortar “o passeio” da extrema-direita militar e civil neste Novembro de 1975.
No 36º aniversário do 25 de Abril, aconselho a leitura deste livro que é edição da “Guerra e Paz”, a primeira em Novembro de 2009.
O Coronel Rodrigo Sousa e Castro nasceu em 1944 no Alto Minho.
SBF
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