Muito se tem falado nos últimos
dias do carro de 86 mil euros que transporta o ministro da Solidariedade e Segurança Social. A demagogia, por
regra, tem sempre dois sentidos e, neste caso, não foge porque a questão não
está neste ou naquele ministro, neste ou naquele governo.
Não está certo que,
demagogicamente, se mostre um comportamento austero mesmo quando a situação não
o justifica ou se ostente a riqueza
quando, à volta, se “respira” pobreza.
Os “extremos tocam-se” e “no meio
é que está a virtude”.
Também se sabe que a frota
automóvel usada pelo Estado é, nestes
tempos, na sua quase totalidade, alugada a empresas especializadas com contratos
a correr e firmados por anteriores governos. Não está em causa a opção por este
tipo de solução, a questão é a forma como se aplica. Na situação em que o País está, não é possível que os BMW’s e AUDI’s de topo de gama continuem
a transportar por todo o lado os nossos governantes, e afins. A gama deve ser alterada para baixo.
O que importa destacar é a forma
como se aplicam diferentes “pesos e
medidas” para fins idênticos. A redução da despesa também deve incidir neste
tipo de equipamento. Mesmo alugados, carros de 20 ou 30 mil euros fazem o mesmo
efeito que outros mais caros e, com certeza, a fatura do aluguer baixa
consideravelmente.
Se eu andasse por aí a pregar
austeridade, teria grandes problemas de consciência em usar, mesmo sendo
alugado, uma viatura de 70 ou 80 mil euros. Não sendo obrigado a utilizá-lo,
decerto exigiria que me arranjassem outro carro mais em conta.
Silvestre Félix
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