Há já alguns anos se produziu e transmitiu quando “vacas
gordas” se passeavam por todo o lado. Agora, que as vacas emagreceram e só se
lhes conhecem ossadas espetadas e olhar mortiço, repõem-se boas lembranças e,
neste caso, a mais bela e dramática história da nossa “cronologia” desde a
fundação da nacionalidade.
A revisita aos acontecimentos históricos do nosso País
ajuda-nos a perceber o nosso fado. A época de Pedro e Inês foi véspera da
primeira grande provação da existência da Pátria. De Constância, senhora de
Inês e primeira esposa de Pedro, nasceria D. Fernando que, com a sua morte em
1383 sem filho varão e filha Beatriz casada com João I de Castela por forte
influência da megera rainha Leonor de Teles, deixaria o reino de Portugal nas
mãos dos castelhanos. Qual resistência tipo “que se lixe a troika” os bons
portugueses expulsaram a dita Leonor e o Conde Andeiro, ficando com o Mestre de
Avis pai da ínclita geração e, por ironia das coisas, também filho do Pedro e
doutra que não Inês nem Constância.
Sepultados em Alcobaça, no caminho de Peniche, da ginjinha de
Óbitos, da onda de Nazaré e muito tempo antes do conselho de ministros no
mosteiro, Pedro e Inês, transpiram o amor incondicional e imparável da nação
lusa que resiste mais que todas as outras por essa Europa e mundo a fora.
Havemos de continuar, deitando ao chão todos os que aqui estão mas jogam como o
Andeiro, com cartas por baixo da mesa…
Em reposição na RTP2, “Pedro e Inês”.
Silvestre Félix
(Gravura: Coroação póstuma de Inês de Castro. Wikipédia)
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