Pelas avenidas, pelas ruas becos e travessas, as espingardas
gritavam, continuamente, improvisadas palavras de ordem e as flores, que eram
vermelhas, transbordavam de felicidade passando de mãos e mãos poisando nos
canos das “getrês” e nas largas bocas das pesadas viaturas dos aderentes
regimentos de cavalaria.
Os homens e mulheres só tomavam aquele rumo. A
“guarda-de-honra” agora era civil e onde estivesse um “Militar-de-Abril” haviam
de estar, à sua volta, dezenas, centenas ou milhares de felizes
portugueses.
«Olha, que coisa mais linda…», se dizia, do nosso País, no
outro lado do Atlântico e também o Chico; «…ai esta terra ainda vai cumprir seu
ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal…». E em Abril, Portugal se tornou
um mar de esperança.
Quase quarenta de tempo contado em anos a esperança esmorece
e a chama está praticamente apagada.
Contudo, a primavera
está e as vermelhas que são flores também ainda estão – VIVAS!!
Silvestre Félix
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