Se, num passe de mágica, conseguisse recuperar a
“minha-janela-daquele-terceiro-andar”, donde, durante tanto tempo contado em
anos, consegui ver o mundo e todos os segredos que ele encerrava, estaria muito
menos angustiado com o que vai acontecendo por aí.
Se fosse possível voltar a olhar por aquela
“janela-do-terceiro-andar”, conseguiria ver quem fez, e quem escondeu o quê, no
caso de Tancos;
conseguiria ver e ouvir, exatamente, o que aconteceu naquela
suite de Las Vegas, há nove anos;
teria identificado todo o veneno destilado entre os apoiantes
do que já foi e os que apoiam o que quer ser, naquela reunião do grupo
parlamentar do maior partido da oposição;
teria adivinhado e saberia, todas os motivos que levaram o PM
a fazer a remodelação do fim-de-semana;
se ainda tivesse para mim, aquele singular olhar, projetado
desde o fundo do Mar-da-Palha até à barra controlada pelo Bugio, através da
minha “janela-do-terceiro-andar”, eu saberia tudo e iria contrariar muitos
pivôs, comentadores, analisadores e pontas-de-lança dos partidos nas redes
sociais, que inventam e se apresentam como sumidades em inteligência, admitindo
até, nalguns casos, certo tipo de autoritarismo parido pelo voto do povo.
Foi de lá, da “janela-do-terceiro-andar”, que vi a vitória da
democracia sobre a negritude das ditaduras.
Nada está garantido!
Todos os dias é preciso consolidar a democracia e reforçar a
vigilância, não vá “o diabo tecê-las”. Pelo mal, nem um “oceano” é suficiente
para manter afastado o perigo.
Silvestre Brandão Félix
15 outubro de 2018
Gravura: Google
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