Na madrugada de 16 de Março de 1974, a pouco mais de um mês do triunfador 25 de Abril, um grupo de militares, saiu do R.I. nº 5 nas Caldas da Rainha, com destino a Lisboa. O objetivo era depor o regime.
Nesta altura, o Movimento dos Capitães (MC), já estava praticamente em condições de avançar para as ações a que se propunha – Derrubar o regime!
Entretanto, o MC, sofre um pesado contratempo – a prisão de Vasco Lourenço a 9 de Março! Este militar era, na organização clandestina, a peça nuclear e o fiel da balança relativamente às várias tendências que se iam manifestando no seio do MC, com destaque para a spinolista.
O General (à época) António de Spínola era, no setor civil da sociedade, geralmente identificado como opositor ao regime, ainda mais, depois da publicação do seu livro “Portugal e o Futuro”, onde defendia a criação e desenvolvimento duma federação incluindo Portugal metrópole e as colónias. Para o governo de Marcelo Caetano, a defesa desta teoria, representava em si, uma enorme ameaça para a manutenção do império e do próprio regime, daí a proibição do livro à posteriori.
Ora, para o General Spínola e seus seguidores, o aparecimento e desenvolvimento do MC que eles não controlavam, criou a necessidade de se irem infiltrando e, se possível, tomarem a dianteira nas decisões a tomar, de forma a se encaminharem para os seus objetivos – golpear o Estado e entregá-lo a Spínola.
Com Vasco Lourenço fora de ação, tudo ficava mais fácil e, o movimento de tropas a 16 de Março, não foi mais do que a tentativa dos spinolistas controlarem o novo poder.
A liberdade viria a 25 de Abril e, por ironia, Spínola foi Presidente da Junta de Salvação Nacional e Presidente da República, só até 28 de Setembro de 1974, acabando por se demitir em rota de colisão com MC, nesta fase já o Movimento das Forças Armadas. Conjurou com os seus apaniguados às claras, até 11 de Março de 1975, e, clandestinamente depois com o famoso MDLP. O regime democrático reabilitou Spínola muito pela mão de Mário Soares, e, ainda foi promovido a Marechal.
SBF
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