AS PORTAS QUE SE FECHAM…


« …Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado. …»

Parte do poema revolucionário “As portas  que Abril abriu” de José Carlos Ary dos Santos que morreu a 18 de Janeiro de 1984, faz hoje 29 anos.

Esta obra do Ary foi escrita em 1975. O PREC fazia o seu conturbado percurso mas era o tempo da esperança…

Todas as homenagens lhe são merecidas!

Silvestre Félix

MAIORIA ABSOLUTA


Conquistar a maioria absoluta é o grande objetivo de qualquer líder partidário com ambições de poder. Quando disso falam e o “pedem” aos eleitores, não têm a noção do ridículo. Fazem-no como se os portugueses fossem votar neles correspondendo ao seu desejo de maioria absoluta.

As opções eleitorais do povo, quando for altura disso e enquanto o desânimo não desaparecer, há de ser pelo “mal menor” e não pelo mérito de quem quer que seja. Todos os que conhecem os caminhos de “São Bento” têm “telhados de vidro” e os portugueses não estão esquecidos nem são tolinhos. Na contabilidade dos eleitores, só existem parcelas de “demérito”. Se assim não fosse, os da habitual alternância já tinham rebentado com a escala nas sondagens que por aí vão aparecendo.

Mantenham-se calmos, façam oposição com responsabilidade sem mostrarem demasiada ansiedade com o eventual regresso ao poder.

Silvestre Félix

O AUTARCA



Os outros, os que são culpados, conseguem livrar-se das acusações manobrando, à força de muito dinheiro, os furos e fragilidades da Lei. Atropelam a investigação, inventam sucessivos incidentes processuais, depois de condenados recorrem as vezes possíveis e, como cereja em cima do bolo, são vitoriosos quando o processo prescreveu…

Para outros não vingam as boas intenções. Prevaricam à luz da Lei, mesmo estando esta desatualizada ou ultrapassada na sua eficácia pela prática efetiva. Não roubou nada a ninguém, não há notícia de corrupção nem de outras manchas habituais neste grupo de políticos. O que sabemos é que trabalha muito e é, provadamente, dos melhores autarcas do País.

A burocracia é implacável e não perdoa o seu atropelo, mesmo que o Algarve e o País fiquem privados de um autarca trabalhador, competente, sério e honesto.

Macário Correia, aparentemente não tem alternativa à perda do mandato. Enquanto ainda no seu gabinete em Faro, os seus adversários locais, que não lhe chegam aos calcanhares, cantam vitória, sem mérito, dando consistência à injustiça que atingiu o Presidente de Câmara que se faz transportar de bicicleta.

  Silvestre Félix

PESSOA DE BEM...



Naquele tempo era preciso juntar (dinheiro) para a velhice. Voltamos a esse tempo. Os políticos deste tempo arranjaram maneira de eclipsarem as poupanças que ao longo de muitos anos entregamos a Estado com a condição de, quando chegássemos a velhos, nos garantirem a respetiva pensão.

O Estado deixou de ser Pessoa de bem!

Silvestre Félix

PRIMEIRO PAGA…


Reparei que havia uma fila nova no sentido oposto da sala de espera. Murmurando, como se rezando estivessem na penumbra de Igreja cheirando a velho e com todos os antigos santos nos nichos laterais prontos a receber os olhares enternecidos de paroquianos praticantes.

A conversa ao telemóvel altera a regularidade do murmúrio explicando – «que uma taxa é de análises, a outra é dum TAC, tem mais outra de consulta e também de ecografia. À pois, é muito dinheiro, cem euros não chegam. Que vá a Segurança Social resolver a isenção.» Vai mais um, vai outro, outra, agora uma velhota de cadeira de rodas e a rapariga empurra… pede licença e lá vai levar a pica.

A leitura do “Melo Antunes – Sonhador pragmático” que comprei nos saldos da FNAC não tem conseguido abstrair-me de todos os que ali estão. Fechei-o e voltei a olhar para a fila invertida. Afinal já consegui perceber que é o guichê onde se pagam as “moderadoras”. Que sugestivo nome lhes deram. Muito do som falante é de lá que vem e, na maior parte das vezes, dizendo mal da sorte calhada – primeiro paga, depois espera a chamada.

Já não há pragmatismo que encaixe na generosidade do “sonhador”…

Silvestre Félix

MEDICAMENTOS – OS CAROS E OS BARATOS…


Vão aparecendo, cada vez com mais frequência, notícias que dão conta de algumas dificuldades de administrar em pacientes com doenças graves, determinado tipo de medicamentos. Na maior parte das vezes, de acordo com o que vimos ontem no “Linha da frente” da RTP1, as condicionantes que levam o Serviço Nacional de Saúde a não optar por medicamentos mais recentes e eficazes nos casos sinalizados, são simplesmente economicistas.

Já é difícil para muitas famílias conseguirem pagar uma ida à urgência ou, pior ainda, voltar na próxima consulta de acompanhamento. A esta inultrapassável barreira, junta-se agora a desconfiança de que, batendo-nos o azar duma doença que requeira medicamentos caros, o Serviço Nacional de Saúde opte, para reduzir o deficit e não faltar no pagamento dos juros aos (amigos) usurários, por um comprimidito mais barato…

Os profissionais do SNS tentam resistir às demandas dos gestores “inteligentes” mas não estão a conseguir contrariar a força deste poder instalado.

Silvestre Félix

ANGÚSTIA PERMANENTE


Pela hora de jantar consolida-se a angústia do longo dia.

Os disparates e as cacofonias são tantas que, de vez em quando, acredito não estarmos aqui.

O universo é infinito mas, pagando os pecados que não cometemos, o planeta é mesmo este e o País também.

As “mudanças inteligentes” só podiam vir de gajos muito “inteligentes”.

Somos todos burros e por isso vamos aceitar que destruam o País?

Como é possível que membros do governo, com um batalhão de jornalistas à frente, venham dizer que o relatório do FMI «é muito bem feito»?

A angústia permanente que se nos colou aumenta a cada minuto e acelera depois das oito da noite com todas as “não notícias” e baboseiras que nos atiram pela casa dentro.

Silvestre Félix

PORQUE NÃO SE CALAM?

PORQUE NÃO SE CALAM? São praticamente os mesmos, que há menos de dois meses, bradavam “aos céus” por medidas mais restritivas, fortes e ...